Zelensky diz que forças russas mobilizam pessoas para o combate em áreas que controlam
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, classificou esta quinta-feira como "brutais" os combates na região do Donbass e acusou as forças russas de mobilizarem pessoas em áreas que controlam, enviando-as para a linha da frente antes das suas tropas.
"Quanto mais a guerra dura, mais coisas vis, vergonhosas e cínicas a Rússia está a inscrever na sua história", destacou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso noturno diário dirigido à nação.
Segundo Zelensky, as forças russas estão a mobilizar pessoas na região do Donbass, em áreas que já se encontram sob controlo de Moscovo, para as enviar para a batalha na linha da frente, com as tropas russas a seguirem atrás.
O epicentro dos combates entre russos e ucranianos está concentrado em Severodonetsk, a maior cidade ainda na posse de Kiev na região de Lugansk, onde Moscovo tem apertado a sua ofensiva, embora se registe "algum progresso", segundo Zelensky.
"É a fase mais difícil ali. Como nas cidades e comunidades próximas de Lysychansk, Bakhmut e outras", destacou.
"Há muitas cidades onde o ataque russo é brutal", realçou ainda o Presidente ucraniano.
O governador de Lugansk já tinha divulgado na quinta-feira que os intensos combates em Severodonetsk forçaram a interrupção da retirada da população.
Cerca de 15.000 pessoas permanecem na cidade de Severodonetsk e arredores, segundo o governador, que pediu às pessoas que não saiam dos seus abrigos.
A prioridade da ofensiva russa é Severodonetsk, que foi "ocupada em 80%, incluindo os bairros orientais da cidade", confirmou Gaidai, embora tenha dito que as tropas ucranianas estavam a contra-atacar.
Volodymyr Zelensky agradeceu novamente aos Estados Unidos por aceitarem enviar sistemas avançados de 'rockets'.
"Estas armas podem realmente salvar a vida do nosso povo e defender a nossa terra", analisou.
A Ucrânia espera a entrega dos sistemas de combate modernos de outros países e Zelensky apontou ainda que a Suécia anunciou, na quinta-feira, que vai enviar um novo pacote de assistência militar.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.