Eleições regionais na Madeira em 2023 como primeiro teste ao novo líder do PSD
O novo líder do PSD já tem alvos e desafios eleitorais na mira. É pelo menos o que procura fazer o semanário Expresso, que aponta o primeiro, as eleições legislativas regionais na Madeira, previstas para Setembro do próximo ano. "Europeias serão teste a Montenegro, mas antes há regionais. Novo líder acredita que 72% dos votos lhe dão margem para duas vidas", diz o jornal que diz ainda que aponta o "Chega na Madeira: o primeiro teste de Montenegro".
No artigo, recordam que as eleições "Europeias em 2024, legislativas daqui a quatro anos, mas um teste de fogo já em Setembro de 2023", precisamente no bastião social-democrata na Madeira. "Depois de uma campanha em que evitou comentar uma hipotética relação com o Chega, as regionais da Madeira podem pôr a descoberto a relação dos dois partidos. Pela primeira vez sem maioria absoluta no arquipélago e mesmo contando com o CDS, o PSD pode precisar de aliado extra para continuar a governar", levanta a ponta de um 'iceberg' que nem os próprios social-democratas madeirenses admitem.
Citado pelo Expresso: “Escusam de me fazer sempre essa pergunta. Nunca foi o meu tema de campanha, jamais será." E acrescenta: "Foi assim que Luís Montenegro respondeu aos jornalistas, na noite em que foi eleito líder do PSD, quando questionado sobre uma futura relação com o Chega. Foi assim durante toda a campanha: com Jorge Moreira da Silva a querer fazer da linha vermelha ao Chega o seu cavalo de batalha, Luís Montenegro a tentar evitar o tema. Não deseja nenhum acordo com a direita radical, não vai ferir os princípios do PSD, mas também não vai contribuir para 'perpetuar o PS no poder'. Mais: falar de diálogo ou acordos é, neste momento, 'extemporâneo', escreveu na moção de estratégia. Mas a discussão pode chegar mais cedo do que o esperado."
E é mesmo aqui, na Madeira. "Nas últimas regionais, que se realizaram semanas antes das legislativas em que André Ventura foi eleito pela primeira vez para o Parlamento, o PSD perdeu a maioria absoluta no arquipélago e teve de fazer uma coligação inédita com o CDS", recorda o artigo. "Nas autárquicas, os sociais-democratas ganharam novo fôlego com a recuperação expressiva da Câmara do Funchal e, nas presidenciais, Ventura foi o segundo mais votado (10%), conseguindo mais votos do que nos Açores (onde o Chega dá apoio parlamentar ao Governo laranja). Nas legislativas de Janeiro, os resultados do PSD voltaram a ficar aquém: 'Se extrapolarmos os resultados das últimas nacionais para regionais, o PSD, coligado com o CDS, não teria maioria', diz uma fonte do PSD Madeira ao Expresso", acrescenta o jornal.
"Ou seja, seria preciso uma coligação mais alargada com o Chega ou a IL. E isso ninguém rejeita", garante. "A começar pelo líder do PSD Madeira e presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, que se envolveu como nunca tinha feito numa campanha interna: foi mandatário nacional de Luís Montenegro e fez aprovar na comissão política regional, por unanimidade e de forma inédita, um voto de apoio ao candidato. A 'orientação' era para votar Montenegro e isso ficou evidente no resultado eleitoral: quase 90% dos votos caíram para o ex-líder parlamentar", recorda o resultado da eleição interna do último fim-de-semana.
Continua o artigo garantindo que "Miguel Albuquerque não tem escondido, de resto, que mais do que ser contra linhas vermelhas ao Chega é a favor de um entendimento entre os dois partidos: 'Tudo o que seja coligações no sentido de derrotar a esquerda em Portugal é bem vindo', disse numa entrevista à Renascença em Agosto de 2020, onde sublinhou que 'não veio mal nenhum ao mundo' quando vários partidos da direita europeia se coligaram com a extrema-direita. Também Alberto João Jardim, que de forma surpreendente apareceu ao lado de Albuquerque a apoiar Montenegro na corrida, invocou o argumento do Chega para o fazer: 'O outro candidato começou logo a falar do Chega e isso é fazer o frete ao PS (...) Nós não temos de andar preocupados com o Chega, temos é de esvaziar os extremos (...), foi nestes cânones que me entendi com o dr. Montenegro”, disse Alberto João em entrevista à RTP', recorda o Expresso.
O artigo aborda também a "autonomia da região", que "vai sempre ser invocada na hora de tomar decisões, mas muitos, no partido, receiam o efeito que possa ter uma reedição do que aconteceu nos Açores — sobretudo quando se atribui a maioria absoluta do PS, em parte, ao medo que os eleitores do centro tiveram de uma pseudo-aproximação do PSD à direita radical".
E mais, "certo é que a 'vitória expressiva' de Luís Montenegro no último sábado lhe dá margem para executar a estratégia. 'Quem ganha o partido com 72%, o que nunca aconteceu, não me parece que seja líder só para dois anos', acredita um montenegrista. Essa foi, de resto, a estratégia de Montenegro, que, apesar de partir para a corrida como favorito, não quis deixar nenhuma brecha a descoberto: ter mais votos do que Rui Rio, em números absolutos, era uma das metas que tinha na cabeça (e que atingiu) para blindar a narrativa. É que o projeto do agora líder do PSD é para quatro anos e, apesar de o mandato ser de dois, foi com este discurso que venceu as eleições com a maior diferença de votos de sempre", continua.
O artigo continua a definir os desafios internos no partido agora liderado por Montenegro, que quer cimentar posição e reunir as tropas para os desafios que se seguem, aqui já mais num pendor nacional e menos no sentido do peso que a Madeira terá no potencial sucesso político do social-democrata.