Guterres pede rápida implementação dos termos da trégua no Iémen
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, congratulou-se ontem com a renovação por dois meses da trégua entre o Governo do Iémen e os rebeldes Huthis, exortando as partes a implementar "sem demora" os termos do acordo.
"Saúdo o acordo entre o Governo do Iémen e os Huthis para renovar a trégua no Iémen por mais dois meses, nos mesmos termos do acordo original. Desde que a trégua entrou em vigor em 02 de abril de 2022, os iemenitas experimentaram benefícios reais e tangíveis", disse Guterres em comunicado.
Entre esses benefícios, o secretário-geral da ONU destacou a "redução significativa na violência e vítimas civis", um aumento nas entregas de combustível através do porto de Hudaydah e a retoma dos voos comerciais internacionais desde a capital, Saná, pela primeira vez em quase seis anos.
A trégua, segundo Guterres, também permitiu que as partes se reunissem diretamente sob auspícios das Nações Unidas para iniciar negociações para a reabertura de estradas em Taiz e noutras províncias.
No comunicado, o secretário-geral "exortou fortemente as partes a concluir a implementação completa dos termos da trégua sem demora, a fim de defender os interesses de todos os iemenitas, que continuam a sofrer uma das piores crises humanitárias do mundo".
"Agradeço ao meu enviado especial, Hans Grundberg, e à sua equipa pelos esforços incansáveis e a todos os atores regionais e internacionais, incluindo os membros do Conselho de Segurança, pelo apoio contínuo aos nossos esforços coletivos. O apoio regional e internacional manter-se-á fundamental para a continuação e implementação bem-sucedida da trégua", concluiu.
O Governo e os rebeldes Huthis, em guerra no Iémen, concordaram em renovar por dois meses a trégua em vigor desde 02 de abril, apesar do receio de retoma dos combates, anunciou hoje a ONU.
"O prolongamento [do cessar-fogo] entrará em vigor quando a trégua atual expirar, hoje, 02 de junho de 2022, às 19:00, horário do Iémen [17:00 em Lisboa]", anunciou a organização em comunicado, acrescentando que a prorrogação do acordo "tem os mesmos termos do acordo original".
O país mais pobre da península arábica é, há mais de sete anos, devastado por uma guerra entre os Huthis, rebeldes apoiados pelo Irão, e as forças do Governo, apoiadas por uma coligação liderada pela vizinha Arábia Saudita.
Mergulhado numa das piores tragédias humanitárias do mundo, o Iémen viveu, no entanto, dois meses de relativa calma, desde 02 de abril, data da entrada em vigor de uma trégua de dois meses conseguida pela ONU e que iria terminar hoje à noite.
Nas últimas semanas, as negociações para a renovação dessa trégua pararam devido a persistentes desacordos entre as duas partes sobre a sua implementação no terreno.
Além de um cessar-fogo relativamente respeitado, a trégua prevê uma série de medidas destinadas a aliviar o sofrimento da população, nomeadamente a reabertura do aeroporto de Saná a voos comerciais, a facilitação do abastecimento de combustível e o levantamento de bloqueios impostos a algumas cidades.