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Candidatos presidenciais celebram vitória nos tribunais de jornalista contra Bolsonaro

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Foto Wikipédia

Candidatos presidenciais brasileiros, da esquerda aos centro-direita, rejubilaram-se hoje pela vitória nos tribunais de uma jornalista do Folha de S.Paulo contra o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, por ter sido alvo de comentários de cunho sexual.

"Importante a vitória da jornalista Patrícia Campos Mello contra as ofensas de Bolsonaro. A vitória é das profissionais de imprensa, agredidas por um presidente que odeia jornalistas e não aceita questionamentos, em especial de mulheres. O Brasil não será mais o país do ódio", escreveu o ex-presidente e líder de todas as sondagens nas eleições presidenciais de outubro, Lula da Silva.

O candidato do Partido Democrático Trabalhista, Ciro Gomes, deu os "parabéns a Patrícia Campos Mello ao Tribunal de Justiça de S. Paulo e a todas mulheres brasileiras pelo ganho de causa de Patrícia na ação contra Bolsonaro".

"Que a justiça continue sendo feita!", acrescentou Cirro Gomes, que em 2018 também concorreu nas eleições presidenciais ganhas por Bolsonaro, ficando em terceiro lugar.

Já a candidata do centro-direita, Simone Tebet, partilhou os comentários Patrícia Campos Mello no Twitter e escreveu: "Patricia nos representa".

Jair Bolsonaro que hoje esteve reunido, no Palácio da Alvorada, em Brasília, com o apresentador de televisão e analista político norte-americano conservador da Fox News, Tucker Carlson, ainda não se pronunciou.

Por quatro votos contra um, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a sentença imposta contra Bolsonaro e elevou a indemnização que deverá ser paga a Campos Mello, jornalista reconhecida internacionalmente com o Prémio Rei da Espanha de Jornalismo 2018.

"O TJ [Tribunal de Justiça] de SP [São Paulo] decidiu que não é aceitável que um Presidente da República ofenda uma jornalista usando insinuações sexuais. Uma vitória para todas nós mulheres", escreveu a jornalista nas suas redes sociais.

Bolsonaro foi condenado em primeira instância em fevereiro de 2020, após proferir uma declaração misógina contra Campos Mello, mas recorreu a um tribunal de segunda instância, que nesta quarta-feira elevou a indemnização por danos morais que o líder deve pagar de 20 mil reais (cerca de 3.600 euros) para 35 mil reais (cerca de 6.400 euros).

A jornalista foi alvo de ofensas após publicar uma reportagem sobre a divulgação em massa de informações falsas nas eleições de 2018, em que Bolsonaro foi eleito chefe de Estado.

O assunto foi investigado por uma comissão parlamentar, em que um ex-funcionário de uma empresa que alegadamente disparou notícias falsas em favor de Bolsonaro chamado Hans River acusou a jornalista de tentar 'seduzi-lo' oferecendo sexo em troca de informações.

Campos Mello e a Folha de S. Paulo negaram essa acusação e publicaram todas as mensagens trocadas por ela com River, que, ao contrário, sugeriam que o próprio informador viesse a propor maior intimidade, o que foi categoricamente rejeitado por ela.

Mesmo assim o Presidente brasileiro atacou a repórter numa conversa com alguns seguidores, nos portões de sua residência oficial, e disse que a jornalista "queria um 'furo' a todo custo", expressão que no Brasil pode ter cunho sexual.

"Ela [jornalista] queria dar o 'furo' a qualquer preço contra mim", afirmou Bolsonaro.