PAN considera "inusitada e precipitada" nova estratégia para aeroporto
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou hoje que a nova solução aeroportuária para Lisboa é "manifestamente inusitada e precipitada" e defendeu que a decisão deveria ser tomada "só após" a avaliação ambiental estratégica.
"Parece-nos manifestamente inusitada e precipitada esta decisão do Governo", afirmou Inês Sousa Real aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa.
A deputada única do partido Pessoas-Animais-Natureza reagiu assim à decisão do Governo de uma nova solução aeroportuária para Lisboa, estratégia que passa por avançar com o Montijo para estar em atividade no final de 2026 e Alcochete e, quando este estiver operacional, fechar o aeroporto Humberto Delgado.
"Este é um claro exemplo daquele que era o receio em relação ao chamado rolo compressor da maioria absoluta, que claramente abriu aqui o caminho para uma opção que tem sido fortemente contestada pelas organizações não-governamentais do ambiente, pelos próprios órgãos reguladores, pelos municípios afetados e também pelos partidos da oposição", defendeu Inês Sousa Real.
A líder do PAN acusou o Governo de "desrespeito pelos pareceres e a anunciada intenção de trazer um projeto de lei para reverter a possibilidade de as câmaras e de o parecer negativo das câmaras obstaculizarem a esta opção do aeroporto, neste caso com uma opção duplamente gravosa Montijo mais Alcochete", mas também "pela resolução da Assembleia da República, pela decisão de recomendar ao Governo a realização de uma avaliação de impacto ambiental estratégico".
"Para o PAN, era fundamental que esta avaliação fosse feita e que só após a avaliação de impacte ambiental estratégico fosse tomada uma decisão do Governo", defendeu.
Na ótica de Inês Sousa Real, "seria do mais elementar bom senso quando falamos tanto -- ainda esta semana no âmbito da Conferência dos Oceanos - dos compromissos ambientais e o quão Portugal está comprometido em não penhorar o futuro das próximas gerações, aqui fica um exemplo claro do que não fazer".
A deputada única disse que esta decisão é "passar por cima da avaliação ambiental estratégica e avançar para duas soluções" e alertou que o aeroporto no Montijo "tem espécies protegidas" e a pista poderá "ficar debaixo de água" com a subida do nível médio das águas.
Segundo o Ministério das Infraestruturas, o plano passa por acelerar a construção do aeroporto do Montijo, uma solução para responder ao aumento da procura em Lisboa, complementar ao aeroporto Humberto Delgado, até à concretização do aeroporto em Alcochete, que aponta para 2035.
Num primeiro momento, o executivo decidiu não adjudicar a avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto de Lisboa ao consórcio COBA/Ineco, e entregar ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) essa avaliação.