Catarina Martins critica "péssimo começo da cimeira" com adesão da Finlândia e Suécia
A coordenadora bloquista, Catarina Martins, criticou hoje que, no alargamento da NATO, "a primeira coisa a cair são as razões da democracia e dos direitos humanos", considerando "um péssimo começo de cimeira" a adesão da Suécia e da Finlândia.
"Acho que é um péssimo começo da cimeira e sobre a natureza da NATO estamos conversados. Há dois países [Suécia e Finlândia] que, para entrarem, prometem a um terceiro país, a Turquia - que é tudo menos uma democracia - que os direitos humanos não vão valer assim tanto na política externa", respondeu aos jornalistas Catarina Martins, à margem de uma visita ao Ocean Base Camp, no âmbito da Conferência dos Oceanos.
A coordenadora do BE afirmou que NATO nunca defendeu a democracia ou direitos humanos, criticando que "agora, quando se discute o alargamento da NATO, a primeira coisa a cair são as razões da democracia e as razões dos direitos humanos".
"É por isso que dizemos que não vai ser a NATO a solução e é preciso deixar a hipocrisia de lado e concentrar a diplomacia internacional no que é fundamental: a retirada imediata da Rússia, a reconstrução da Ucrânia e isso claramente não é com a NATO que se vai conseguir. É preciso sim que as Nações Unidas possam ser esse pivô de uma conferência de paz", apelou.
Segundo a Catarina Martins "a indústria do armamento está felicíssima", mas aquilo que é preciso é "travar a guerra rapidamente, em nome do povo ucraniano desde logo e condenando a invasão russa".
"A segurança em toda a Europa e as condições de vida de todos os povos europeus exigem que a guerra pare e para isso esta corrida de armamento e este baixar de qualquer `standard´ de direitos humanos ou democracia, é o contrário do que precisamos. É o cinismo dos senhores da guerra que fazem negócio com armamento e fazem negócio em cima dos povos que estão a ser massacrados", declarou.
O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje que a cimeira da NATO de Madrid começou "da melhor maneira", com o desbloqueio da adesão da Suécia e Finlândia, e afirmou que o processo de ratificação em Portugal será "bastante rápido".
Nas mesmas declarações aos jornalistas à chegada esta manhã à cimeira que decorre em Madrid, o chefe de Estado disse que Portugal participará de "forma adequada às circunstâncias" do país no anunciado reforço de tropas da NATO.
Questionada sobre esta posição de Costa sobre o reforço das tropas da NATO, a líder do BE reiterou que o partido tem dito que "é um erro".
"Sejamos claros: é preciso derrotar Putin e é preciso que retire imediatamente da Ucrânia e é preciso ajudar a reconstruir a Ucrânia e na verdade está toda a gente interessada em fazer negócio de armamento e ninguém interessado em proteger o povo ucraniano e isso é para nós o enorme cinismo e o cruel cinismo da NATO e do que tem sido a política internacional", condenou.