Jovens manifestam-se a favor do aborto no Largo do Colégio no Funchal
Cerca de uma dezena de alunos da Escola Dr. Horácio Bento de Gouveia juntou-se, esta tarde, no Largo do Colégio, no Funchal, para sensibilizar para causa pró-aborto, numa altura em que a maioria conservadora do Supremo Tribunal dos EUA decidiu revogar os precedentes de protecção do direito à interrupção voluntária da gravidez, que voltou a ser proibida em nove estados norte-americanos.
"Dada a situação que está a acontecer na América e noutros países, acho que devíamos informar mais a população sobre o que está a acontecer no mundo e combater a desinformação que há, principalmente em lugares mais conservadores, como é o caso da Madeira (...) Acho que devíamos estar mais preocupados em informar as pessoas e combater pelos direitos de escolha das mulheres e, então, nós começámos esta manifestação", justificou a promotora desta iniciativa informal estudantil, Ísis Gouveia.
O abordo ao ser legal não vai haver tantas crianças em lares a sofrer maus tratos.
A jovem de 15 anos entende que esclarecer a população sobre a temática do aborto passa, não só por "este tipo de iniciativas e manifestações", mas também por "falar sobre isto nas escolas".
"Apesar de o aborto ser legal em Portugal, desde 2007, também nos EUA era legal há 49 anos e numa decisão de, basicamente, três meses deixou de ser", alerta a jovem, reforçando a pertinência deste protesto.
Questionada pelos jornalistas sobre um eventual retrocesso da lei do aborto em Portugal, Ísis diz acreditar que "o Governo não permitiria isso", até porque, na sua opinião, caso se voltasse a fazer um referendo sobre este tema "com a população mais informada, não haveria esse problema".
Apesar de considerar que "não é assim tão difícil" ter acesso ao aborto na saúde pública em Portugal - ao contrário do que acontece noutros países, "como o Peru, em que o aborto está legalizado na lei mas na prática uma mulher que deseje realizá-lo encontra diversos entraves" - a estudante reconhece que o tema "ainda é um bocado tabu" na sociedade portuguesa.