Mundo

China acusa G7 de "semear a divisão" após críticas a Pequim

Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China
Zhao Lijian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China

A China acusou hoje os países do G7 de "semearem a divisão", depois de o grupo que reúne as nações mais industrializadas do mundo ter condenado a alegada falta de transparência de Pequim nas suas práticas comerciais.

Reunidos no sul da Alemanha, entre domingo e terça-feira, os líderes do G7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Japão e Canadá) usaram uma linguagem particularmente assertiva contra a China, na sua declaração conjunta, após uma cimeira de três dias.

O G7 expressou a sua preocupação com os direitos humanos no país e denunciou as práticas comerciais "não transparentes e que distorcem o mercado" de Pequim.

"Enquanto a comunidade internacional luta contra a pandemia e se esforça para reanimar a economia, o G7 não apenas falha em comprometer-se com a unidade e a cooperação, mas, em vez disso, está empenhado em dividir e criar antagonismos, sem qualquer senso de responsabilidade ou princípio moral", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, em conferência de imprensa.

Washington há muito que aponta críticas às práticas comerciais de Pequim, que acusa de favorecer as empresas chinesas, em detrimento das empresas estrangeiras, ou de transferência forçada de tecnologia.

Mas o facto da Alemanha, que é a maior economia da União Europeia (UE) e que tem a China como maior parceiro comercial, criticar diretamente as práticas do país asiático é uma novidade.

A Alemanha exerce atualmente a presidência do G7.

Na sua declaração final, os líderes do G7 também apontaram que querem "fomentar a diversificação e a resistência à coerção económica, e reduzir as dependências estratégicas" em relação ao país asiático.

Estas críticas surgiram antes do arranque da cimeira da NATO, a decorrer entre hoje e quinta-feira em Madrid.

Hoje, na capital espanhola, a NATO incluiu as preocupações com a China no seu novo conceito estratégico.

No documento aprovado em Madrid e preparado para a próxima década, a NATO afirma que a China "declarou ambições e políticas coercivas", desafiando os "interesses, segurança e valores" dos aliados.

O anterior conceito estratégico, aprovado em Lisboa, em 2010, não continha referências à China.