Madeira e Açores com menor taxa de desemprego das regiões ultraperiféricas em 2021
A conclusão é do barómetro que será apresentado, esta tarde, pelo director regional de estatística no Congresso sobre Ilhas e Territórios Periféricos, que decorre no Colégio dos Jesuítas
A Madeira destaca-se também entre as RUP no acesso à Internet; Miguel Albuquerque frisa importância da transição digital para colocar a Região no centro da economia europeia; painel sobre turismo salienta desafios para torná-lo mais "inclusivo"
"Os Açores e a Madeira têm taxas de desemprego muito inferiores às restantes [regiões ultraperiféricas], à volta dos 8 e 7%, respectivamente. As Canárias, por exemplo, têm taxas de desemprego que chegaram em alguns anos aos 30% por cento", revelou o director regional de estatística em declarações aos jornalistas à margem do 29.º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional, que decorre entre hoje e amanhã, no Colégio dos Jesuítas.
Os dados referem-se a um barómetro que será apresentado, esta tarde, e que caracteriza as Regiões Ultraperiféricas da União Europeia (RUP) - que incluem Madeira, Açores, Canárias, Martinica, Guadalupe, Guiana e Reunião, Saint-Martin e Saint-Barthélemy - com base em 12 indicadores.
A Região Autónoma da Madeira destaca-se igualmente, pela positiva, na questão das tecnologias de informação, nomeadamente "o facto de muitas famílias da Madeira, comparativamente às outras RUP, terem maior acesso à Internet de banda larga", apontou Paulo Vieira.
A transição digital foi, precisamente, o tema destacado pelo presidente do Governo Regional, que marcou também presença na sessão de abertura deste congresso, subordinado ao tema "Ilhas e territórios periféricos: desafios numa geografia e padrões 'climáticos' em mudança”.
Miguel Albuquerque disse, a propósito, que estamos num "momento histórico e de oportunidades para as RUP".
"A transição digital é uma oportunidade para os territórios, sobretudo para aqueles que se souberem inserir, formar recursos e criar empreendedorismo nesta área e penso que, neste momento, essa oportunidade histórica esta a ser aproveitada aqui na Madeira", reiterou.
O turismo é outro dos temas com relevância para as regiões insulares e ultraperiféricas que estará em destaque neste congresso, designadamente na sessão plenária que contou com os contributos do especialista Brian Garrod (Swansea University, do País de Gales) e Wiktor Szydarowski (ESPON EGTC Director), que interveio através de videoconferência.
Questionado pelos jornalistas, Brian Garrod falou da importância de apostar no Turismo inclusivo, com particular enfoque no turismo sénior na Madeira, sublinhando que "ainda faltam fazer algumas coisas" neste campo.
"Estou aqui hoje para falar das necessidades das pessoas portadoras de deficiência e/ou idosos com mobilidade reduzida que vêm cá de férias e sobre o quão importante é garantir que as suas necessidades são asseguradas, já que eles são uma fatia importante em termos demográficos dos turistas que visitam a Madeira, embora sejam facilmente esquecidos".
Miguel Albuquerque contrapôs as declarações do académico britânico, apontando que o turismo regional evoluiu no sentido de apelar a um público mais jovem.
"Neste contexto , o turismo na Madeira está a correr bem. O principal problema é as acessibilidades, mas neste momento nós temos as operações com grande reforço (...) Só a Ryanair significa 22% de reforço do número de lugares disponíveis. São mais 355 mil lugares por anos com ligação a destinos europeus e a oferta da Madeira tem tido uma evolução bastante acentuada. Basta constatar a idade dos turistas, a forma como se tem desenvolvido actividades de natureza para um turismo mais jovem, mais dinâmico e com maior actividade física, mais próximo da Natureza", sustentou o líder do governo.
Por outro lado, evidenciou o crescimento do "turismo residencial", isto é, os turistas estrangeiros que optam por fixar-se na Região, "muitos deles reformados".