O mais rico oligarca russo põe superiate no Dubai a salvo de sanções
![Foto Anatolii Trofimov/Shutterstock.com](https://static-storage.dnoticias.pt/www-assets.dnoticias.pt/images/configuration/R/shutterstock_1899310912_AuClRAF.jpg)
O oligarca mais rico da Federação Russa, já fotografado a jogar hóquei no gelo com Vladimir Putin, entrou na lista dos que transferem - aliás, navegam - os seus ativos valiosos para o Dubai para fugirem às sanções.
Vladimir Potanin, que dirige o maior refinador de níquel e produtor de paládio, à escala mundial, pode não ter sido ainda sancionado pelos EUA e pela Europa, uma vez que tais sanções poderiam afetar os mercados de metais e quebrar as cadeias de abastecimento, segundo analistas.
![None](https://static-storage.dnoticias.pt/www-assets.dnoticias.pt/images/configuration/OR/Nirvana.jpg)
Enquanto maior acionista da mineira Nornickel, Potanin tinha uma fortuna pessoal de 30,6 mil milhões de dólares antes da invasão russa da Ucrânia, segundo a revista Forbes.
Mas, à semelhança de um número crescente de oligarcas russos em listas negras, aparentemente tomou a precaução de mover o seu superiate, avaliado em 300 milhões de dólares, para o porto seguro do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), aliados dos EUA.
Chama-se Nirvana, tem um comprimento de 88 metros e está equipado com elevadores de vidros, ginásio, 'jacuzzi', sala de cinema equipada para projeções a três dimensões e dois terrários de répteis exóticos. No porto cheio de 'mansões' flutuantes e vistosas, o Nirvana destaca-se.
Construído nos Países Baixos, com um casco azul marinho, foi ancorado na terça-feira, exibindo a bandeira das Ilhas Caimão, quando os jornalistas da AP o observaram no Porto Rashid, à distância de um olhar de outro superiate, o Madame Gu, avaliado em 156 milhões de dólares e propriedade do deputado russo Andrei Skoch.
A chegada de embarcações de luxo russas ao Dubai tornou-se um símbolo descomunal da relutância dos EAU em se oporem à invasão russa da Ucrânia e reforçarem as sanções aplicadas à Federação Russa.
Os EAU integram uma lista de países, em contração, de países para onde os russos podem voar diretamente. Este centro financeiro do Médio Oriente tornou-se um ponto atraente para os russos ricos, em parte devido à sua reputação de acolher bem dinheiro de todo o lado, tanto legítimo, como de proveniências mais escuras.
"Nem sequer tentaram esconder o facto de estarem a aceitar os próprios oligarcas e os seus iates", constatou Julia Friedlander, uma antiga conselheira política sénior para a Europa da Divisão de Terrorismo e Informações Financeiras do Departamento do Tesouro dos EUA. "Quando se trata de assumir lados no conflito, não é do seu interesse político fazer isso. Querem manter o dinheiro a entrar, vindo de todo o lado".
A posição dos EAU provocou tensões com os EUA, que querem que o seu aliado no Golfo Pérsico os ajude a combater a fuga às sanções por parte dos russos.
O vice-secretário do Tesouro dos EUA, Wally Adeyemo, um dos principais coordenadores dos EUA da estratégia da aplicação de sanções, deslocou-se aos EAU na semana passada para exprimir as preocupações do governo de Joe Biden com os fluxos financeiros russos e solicitar uma vigilância acrescida.
Alguns proeminentes oligarcas, contudo, têm escapado às listas negras devido aos seus ativos estratégicos.
Apesar de atingido por sanções australianas e canadianas, Potanin tem escapado ao conjunto destas medidas, o que é atribuído à sua reputação de 'Rei no Níquel'.
"Estamos a atingir uma escassez crítica em metais importantes e não sabemos para onde se dirigem estas cadeias de abastecimento. Portanto, temos de perguntar se sancioná-lo ir+a piorar as coisas? Estas são considerações sérias", adiantou Friedlander.