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Pequenos Estados insulares do Pacífico alarmados com múltiplas crises dos oceanos

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O Presidente do Palau admitiu, esta segunda-feira, que os Estados insulares em desenvolvimento do Pacífico estão "alarmados com as múltiplas crises" dos oceanos e defendeu a adoção de medidas internacionais para recuperar a saúde e produtividade do mar.

"Estamos alarmados com as terríveis e múltiplas crises que enfrentam os nossos oceanos, desde o aumento da temperatura das águas até outros fatores antropogénicos, que continuam a ameaçar a saúde do mar", afirmou Surangel Whipps numa intervenção na Conferência dos Oceanos, em Lisboa.

O representante dos pequenos Estados insulares do Pacífico defendeu serem "precisas medidas internacionais para recuperar a saúde, produtividade e resiliência dos oceanos" e elogiou a decisão de convocar um comité intergovernamental para "desenvolver um instrumento legal e internacional contra a poluição de plásticos".

Este instrumento legal "deve indicar o papel de cada um nos vários estágios do ciclo de vida do plástico", defendeu.

A poluição dos oceanos pelos plásticos foi, aliás, uma das notas dominantes da intervenção de Surangel Whipps, que apresentou a camisa que usou como uma das soluções, já que foi produzida a partir de plásticos recolhidos no mar do seu país.

"A poluição de plásticos é muito preocupante. O Pacífico é responsável por menos de 1,3% desta poluição, mas é desproporcionalmente afetado", disse, recordando que, "com base em projeções atuais, haverá, em 2050, mais plásticos no oceano do que peixes".

Por outro lado, o representante dos países insulares do Pacífico também lembrou que o aumento do nível das águas, causado pelo aquecimento global, é uma ameaça à sobrevivência destes países.

"As nossas fronteiras devem ser preservadas sem reduções, apesar do aumento do nível do mar", defendeu.

O chefe de Estado do arquipélago do Palau apontou ainda o dedo ao setor dos transportes marítimos, referindo que é responsável por "3% das emissões de gases com efeito de estufa" e adiantando que uma "postura holística" pode ajudar.

"Defendemos o papel das populações indígenas na ligação e compreensão da gestão dos oceanos, devendo os conhecimentos tradicionais funcionar como um complemento da ciência", disse.

A Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos realiza-se em Lisboa a partir de hoje e até 01 de julho, com o apoio dos Governos de Portugal e do Quénia, contando com a presença de chefes de Estado e de Governo de todos os continentes.

Na abertura da conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou a que os países invistam em economias sustentáveis para os oceanos, alegando que isso ajudará a produzir seis vezes mais alimentos e 40 vezes mais energias renováveis do que se consegue atualmente.

"Temos de mudar a maré", afirmou, lembrando que o aquecimento global está a "fazer subir a temperatura do mar para níveis recorde".