Rússia mantém prisioneiros civis ucranianos incomunicáveis
A Organização Mundial Contra a Tortura (OMCT) denunciou hoje que as forças militares russas mantêm os prisioneiros civis ucranianos isolados e sem o direito de contactar as suas famílias e advogados.
Entre fevereiro e abril de 2022, foram verificados os casos de cerca de 30 civis ucranianos sequestrados ou detidos pelo Exército russo, muitos deles por razões desconhecidas, o que leva a pensar que são detenções arbitrárias, alertou a organização não governamental (ONG).
De acordo com a OMCT, as autoridades russas negam que as vítimas estejam detidas e impedidas de comunicar com as suas famílias.
Também os advogados estão proibidos de se reunir com os prisioneiros para prestar assistência jurídica e estão expostos a fortes pressões das autoridades russas, apontou a ONG.
As famílias têm recebido informações sobre os detidos através da televisão estatal russa e dos prisioneiros de guerra libertados em trocas com a Ucrânia.
Até ao momento, os familiares de 29 vítimas não receberam nenhuma informação oficial sobre o seu paradeiro, apesar de terem entrado em contacto com as agências estatais russas e ucranianas, segundo a OMCT.
A irmã de um dos civis detidos na região de Kiev disse que, apesar de conhecer a localização do irmão, não lhe pode escrever cartas nem saber o seu estado de saúde.
"Pedimos ajuda em todo o lado, mas a Rússia não confirma a sua detenção", assinalou a mulher à OMCT.
O número de vítimas civis na guerra da Ucrânia continuar a aumentar.
De acordo com dados atualizados do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), um total de 4.731 mortes de civis ucranianos e 5.900 feridos foram documentados até ao momento.
A guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa de 24 de fevereiro, entrou hoje no 124.º dia.
Desconhece-se o número de vítimas, mas a ONU confirmou a morte de mais de 4.600 civis, alertando, contudo, que o balanço real será consideravelmente superior por não ter acesso a muitas zonas do país.