Enviado da ONU acredita em bom desfecho da conferência em Lisboa
O enviado especial das Nações Unidas para os Oceanos afirmou hoje esperar que a Conferência dos Oceanos de Lisboa resulte em "soluções positivas" para combater a degradação dos mares e compromissos financeiros para as aplicar.
"De uma forma pragmática, sinto que sairemos daqui com soluções positivas, programas de trabalho para fazer e dinheiro para o cumprir. Acho que teremos boas notícias no fim da semana. Hoje já tive uma reunião com o Banco Mundial, estão todos cá e querem contribuir", declarou em comferência de imprensa o fijiano Peter Thomson.
O ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, nomeado pelo secretário-geral, António Guterres, para representar as Nações Unidas na discussão sobre os impactos das alterações climáticas e da ação humana nos oceanos, frisou que o objetivo de desenvolvimento sustentável relativo à vida marinha (ODS14) é "ainda o que tem menos financiamento" atribuído e que em 2015, quando foram definidos os objetivos de desenvolvimento sustentável, "metade dos maiores países do mundo não entendiam qual o objetivo de haver tal objetivo (sobre proteção da vida marinha)".
"Não sou otimista nem pessimista, sou pragmático e o que acho é que resolvemos a questão dos financiamentos e podemos cumprir", afirmou, acrescentando que a mesma "onda de positividade" será transposta para a próxima cimeira do clima das Nações Unidas, que se realiza no fim do ano no Egito.
Peter Thomson garantiu que lutará para que "os fundos para adaptação [aos efeitos das alterações climáticas] vão para apoiar economias azuis sustentáveis".
O diplomata apontou exemplos positivos como a decisão da Organização Mundial do Comércio de "retirar 22 mil milhões de dólares em dinheiros públicos que todos os anos subsidiavam frotas de pesca industriais que se ocupam a perseguir reservas de peixe que escasseiam".
Apontou ainda as negociações que decorrem para se chegar a um tratado internacional vinculativo para travar a produção e poluição com plásticos, frisando que é preciso "ir muito mais longe".
"Temos que pegar nos milhões que damos à indústria do petróleo em subsídios e dá-los às empresas que estão a produzir alternativas ao plástico. Elas existem, temos que ter coragem e dedicação aos nossos netos para financiar e fazer acontecer esta revolução", defendeu.
A segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, organizada por Portugal em conjunto com o Quénia, decorre até sexta-feira em Lisboa.