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ONG acusa separatistas nos Camarões de "violações graves" dos direitos humanos

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Os rebeldes nas regiões anglófonas dos Camarões, onde persiste um conflito entre grupos separatistas armados e as forças de segurança, cometem "graves violações dos direitos humanos", denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).

"Desde Janeiro de 2022, combatentes separatistas armados mataram pelo menos sete pessoas, feriram outras seis, violaram uma rapariga e cometeram outras graves violações dos direitos humanos", disse a Organização Não-Governamental (ONG) num relatório, apontando para um "contexto de crescente violência".

As regiões do noroeste e sudoeste têm sido palco de um conflito mortal de cinco anos entre grupos armados que exigem a independência de um estado a que chamam Ambazónia e forças de segurança destacadas pelo Governo do Presidente Paul Biya, 89 anos, que governa os Camarões com mão de ferro há quase 40 anos.

Parte da população anglófona sente-se ostracizada pela população francófona. O conflito matou mais de 6.000 pessoas desde o final de 2016 e forçou mais de um milhão a fugirem das suas casas, de acordo com a ONG International Crisis Group (ICG).

Tanto os rebeldes como os militares e a polícia são regularmente acusados por ONG internacionais e pela ONU de cometerem abusos e crimes contra a população civil.

Alguns grupos separatistas armados atacam regularmente escolas que acusam de ensinar em francês, e raptam ou matam funcionários públicos que acusam de colaborar com o Governo central em Yaoundé.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2019, cerca de 850.000 crianças foram privadas da escola nas duas regiões de língua inglesa.

Os separatistas "visam civis que não respondem aos seus apelos para boicotar escolas" e "violam os direitos básicos de uma população civil já aterrorizada", de acordo com a HRW.

Em 10 de junho, suspeitos de rebeldes incendiaram um hospital em Mamfe, no sudoeste, negando a 85.000 pessoas o acesso a cuidados de saúde.

"As forças governamentais também cometeram violações dos direitos humanos, incluindo aldeias incendiadas [...], assassínios, tortura, maus-tratos, detenções arbitrárias e violação de civis", segundo a HRW.

No início de junho, nove civis, incluindo um bebé, foram mortos por soldados no noroeste, tendo o exército reconhecido uma "resposta desproporcionada" pelos seus homens.

O Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, na sigla inglesa) colocou no início de junho os Camarões anglófonos em terceiro lugar na sua lista das dez crises de deslocados "mais negligenciadas", com base em três critérios: falta de vontade política por parte da comunidade internacional para encontrar soluções, falta de cobertura mediática e falta de financiamento para as necessidades humanitárias.