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Aprender com o passado

“Só ignorando deliberadamente o passado é que não percebemos para onde tudo isto nos conduz.”
Paul Krugman

É um bocado grande para título mas é o único defeito que consigo apontar à frase, ficando até um pouco invejoso pois nunca conseguiria dizer tanto gastando tão poucos caracteres…

Lamentavelmente, concordo em absoluto, quando penso na realidade regional e nas várias opções que o poder político foi tomando.

Na maioria das situações, não é por desconhecimento que se repetem erros; existe mesmo uma vontade deliberada em ignorar o passado, que deles está repleto. Errar uma vez é o mais natural, duas pode ser azar. Mais do que isso…

Reparem no que está a suceder-nos agora. De quem é a responsabilidade pela falta de noção dos problemas gerados por um crescimento excessivamente rápido da oferta de camas hoteleiras?

Olhemos para o ano 2000. O destino deixa que a oferta de camas cresça cerca de 20%. O lado sul da Estrada Monumental começa a ser cimentado, um processo que depois foi tendo continuidade nos anos subsequentes e, ao mesmo tempo que os madeirenses deixam de ver o mar (o acesso já nessa altura era um problema), assiste-se ao primeiro grande problema de falta de mão-de-obra, mesmo não qualificada.

Naquela altura, como agora, o grande concorrente do sector privado era o governo regional, com a sua oferta de emprego para a vida, horários das 09h às 18h e benefícios vários como o São Rali e as tolerâncias de ponto a metro.

Naquela altura, como agora, as parangonas anunciavam recordes. Ele eram mais turistas, mais voos, mais receita. Ao nível dos indicadores, era ver-nos! A insatisfação dos que nos visitavam, sobretudo dos nossos mais fiéis, mostrava a quem para eles olha (que não são muitos…) que nem tudo era um mar de rosas mas quem quis ouvir? Afinal de contas, a receita fiscal também aumentava.

Assistiu-se ao primeiro fenómeno com algum significado de importação de mão-de-obra. Do leste da Europa e do Brasil, sobretudo. Nada contra, atenção mas com impacto na tal forma de receber secular diferenciadora, de que tanto nos gabamos.

Sensivelmente 20 anos depois, toca de repetir o erro. Desta vez, vamos onde buscar gente para trabalhar? Porque teremos de importar, disso tenho a certeza.

O serviço não será o mesmo e o nível de satisfação, consequentemente, também não mas isso interessa para quê? Para quem só pensa no imediato, de facto só temos é de aproveitar, sem cuidar do que estamos a plantar para colher amanhã…

Para onde vamos, então? Conduzem-nos todas estas decisões rumo a quê? Não sabe a resposta quem deliberadamente a quiser ignorar! E só piorará se continuarem a achar que em cima deste excessivo movimento devem aumentar o porto do Funchal, para enfiar gente em cima de gente e sem gente para servir toda essa gente.