"Serras estão com mato por culpa do Governo Regional", acusa o PS
Socialista criticam também "negligência" em relação à pecuária
Sérgio Gonçalves acusou, hoje, o Governo Regional de ser o responsável pelo facto de as serras da Madeira estarem "cheias de mato", lamentando que Miguel Albuquerque "atire as culpas para cima dos proprietários dos terrenos, quando a gestão destes espaços é pública".
O presidente do PS Madeira, que participou este domingo, 26 de Junho, na Festa das Tosquias, no Pico do Prado, nas serras de Santo António, respondeu assim ao chefe do executivo madeirense, que havia afirmado que as serras estão com mato porque grande parte dos terrenos tem proprietários privados.
Sérgio Gonçalves contrapõe as declarações de Albuquerque, salientando que "os terrenos são privados, mas têm uma gestão pública, devido ao modelo imposto pelo executivo, que impede que os proprietários usem e rentabilizem esses mesmos bens".
“Por isso é que a limpeza dos terrenos não é economicamente viável”, insiste o líder socialista.
Como alternativa, defende "a adopção de um modelo que integre a proteção da natureza com as actividades humanas tradicionais, desta forma gerando oportunidades, emprego, produtos de qualidade e mais segurança no território, pagando a quem mantém o espaço limpo de carga combustível".
Por outro lado, o responsável lembrou que, tal como o PS havia prometido, apresentou na Assembleia Legislativa da Madeira, em Julho de 2021, um projecto que previa um novo regime silvopastoril para a Região.
Tratava-se, conforme explicou, de "uma nova estratégia para o pastoreio na Madeira que previa o envolvimento ativo das associações de criadores de gado, de pastores, garantindo-lhes formação, e da população rural, sugerindo um rendimento para quem mantivesse o território limpo, ocupado, produtivo e mais seguro".
A proposta socialista previa igualmente, para áreas consideradas prioritárias, "um pagamento por área limpa a quem mantivesse os seus animais a pastar de acordo com as novas regras".
Contudo, o projecto foi chumbado no parlamento, porque “outros partidos, que durante anos marcaram presença nas tosquias dizendo que defenderiam o pastoreio contra um regime de proibição imposto arrogantemente pelo Governo Regional, traíram os pastores na hora de votar a favor”, disse Sérgio Gonçalves, numa crítica ao CDS, que “voltou as costas aos criadores de gado”.
“Vendeu-se por 30 dinheiros e alinhou com o PSD para dizer que o pastoreio já existe e até é apoiado pelo Governo”, acusou o líder dos socialistas madeirenses.
Sérgio Gonçalves nota que o pastoreio defendido pelo seu partido, "que poderia criar oportunidades e rendimento às pessoas e trazer benefícios económicos, sociais e ambientais à nossa Região, não existe na Madeira".
"O que existe são umas licenças passadas para manter os animais dentro de vedações, é a regularização de licenças antigas – que o Governo bem gostava de tirar mas não tem coragem – e é um tratamento diferenciado, por parte do executivo, para com determinadas associações, para fingir que o pastoreio existe, criando situações de desigualdade", acrescentou.
O socialista enfatizou que "o pastoreio, desde que devidamente orientado, pode gerar desenvolvimento económico, ajudar no combate à pobreza nas zonas rurais, gerar oportunidades de emprego e rendimento" entre outros benefícios, além de ser "uma solução a ter em conta na prevenção de incêndios".
Mostrou ainda a sua preocupação em relação às "reflorestações fracassadas", onde "sobram apenas árvores mortas, redes de plástico, ferros e milhões gastos que poderiam ser utilizados para investir em infra-estruturas para os animais e pastores em circulação, controlando as infestantes de forma muito mais eficiente e económica”.