Costa defende carros híbridos até 2040 para UE não perder apoio dos cidadãos
O primeiro-ministro explicou hoje que Portugal defende um prolongamento do prazo para a proibição da venda de veículos novos com motor 100% a combustão para acautelar "o suporte" dos cidadãos, sem afetar as metas do pacote climático europeu.
Em declarações à imprensa no final de um Conselho Europeu, em Bruxelas, António Costa, confrontado com a acusação da ambientalista Zero sobre a posição portuguesa nesta matéria, sublinhou que a proposta subscrita por Portugal apenas reduz para 90% o corte nas emissões de dióxido de carbono de automóveis novos a partir de 2035, ao permitir veículos híbridos até 2040, o que, assinalou, está em linha com "a Lei do Clima aprovada na Assembleia da República".
O chefe de Governo justificou também a proposta com o facto de permitir mais algum tempo para as famílias se adaptarem a esta transição, argumentando que a mesma tem de ter "suporte social".
"Convém termos a noção que a generalidade das pessoas hoje ainda tem veículos de combustão normal e esse esforço de transição é um esforço enorme e que vai pender sobretudo sobre as famílias", adiantou, falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas.
A associação ambientalista Zero divulgou na quinta-feira que Portugal e mais quatro países da União Europeia propõem adiar por cinco anos, até 2040, a redução em 100% das emissões de dióxido de carbono nos veículos ligeiros de passageiros e de mercadorias, contrariando uma decisão do Parlamento Europeu.
Segundo a Zero, a "tomada de posição de Portugal estará diretamente relacionada com investimentos em linhas de produção de automóveis a combustão realizados pela Autoeuropa no país".
O comunicado da Zero mencionava que Portugal, Itália, Roménia, Bulgária e Eslováquia se "preparam para formar um bloco e tomar uma posição conjunta que mina a votação favorável do Parlamento Europeu de impor um corte de 100% nas emissões de dióxido de carbono de novos automóveis a partir de 2035".
Em 08 de junho, o Parlamento Europeu aprovou -- com 339 votos a favor, 249 contra e 24 abstenções -- a sua posição sobre a proposta da Comissão Europeia que proíbe a venda de novos veículos com motor de combustão a partir de 2035, permitindo na prática só a venda de veículos novos elétricos.
Esta medida insere-se no pacote climático Fit for 55, que está a ser negociado pelos colegisladores da UE.
O "bloco dos cinco", incluindo Portugal, propõe a redução em 100% das emissões apenas em 2040. Para 2035 defende uma diminuição das emissões poluentes em 90% para os veículos ligeiros de passageiros e em 80% para os ligeiros de mercadorias.
A norma final de revisão do regulamento que estabelece padrões de desempenho de emissões de dióxido de carbono para veículos novos de passageiros e ligeiros de mercadorias será negociada entre Parlamento, Conselho e Comissão europeus no segundo semestre do ano, durante a presidência checa do Conselho da União Europeia, entre julho e dezembro.