A Consulta do Adolescente ou Atendimento ao Jovem, atualmente em funcionamento no Centro de Saúde do Bom Jesus, desde 1989, é um serviço constituído por uma equipa multidisciplinar que integra profissionais de enfermagem, psicopedagogos, médicos (consultas específicas de adolescente), psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas. Este serviço é modelo nacional, por onde passam diversos profissionais em formação.

Até a semana passada, o atendimento fazia-se durante doze horas por dia, entre segunda e sexta. Com a abertura do serviço de urgência naquele centro de saúde, o atendimento passa a funcionar das 8h até às 15h30, no piso 2 e depois passa para o 4º andar à tarde, dispersando-se a equipa. A consulta está disponível para jovens entre os 12 e os 21 anos e são realizadas mais de 1000 consultas por mês, nas diferentes valências. A equipa estava instalada numa área do centro de saúde, onde se concentram todas as valências desta consulta. Com a utilização daquele espaço para o serviço de urgência, a equipa ficará dispersa por dois andares.

As problemáticas dos jovens são muito variadas e podem apresentar diferentes graus de gravidade, sendo que o recurso a esta consulta pelos jovens depende muito do seu grau de confiança nos serviços que são proporcionados, tanto pelos profissionais que os acompanham, como pelo conforto e privacidade das instalações. Se em 2019, antes da pandemia de Covid-19 dos cerca de 400 jovens atendidos na consulta de psicologia do Centro de Saúde do Bom Jesus, 200 apresentam um quadro depressivo e ansioso, imagine-se neste momento. Não nos esqueçamos que um terço da população da Madeira vive com parcos recursos e não pode pagar consultas no privado para as suas crianças e jovens.

Primeiro o Centro de Saúde do Bom Jesus esteve em obras durante muitos anos, com condições pouco dignas e propícias para um bom atendimento aos utentes. Agora, este serviço multidisciplinar confronta-se com novas dificuldades em termos organizativos e logísticos. Um exemplo de secundarização dos cuidados de saúde primários.

Todos reconhecem que é necessário investir na melhoria das infraestruturas de proximidade para melhor prevenção, investindo na melhoria de recursos humanos e de equipamentos, otimizando a rede de cuidados primários e hospitalares. Também é reconhecida a necessidade de alargar e aproximar o serviço de urgência hospitalar para dar uma melhor resposta aos doentes. Mas não podemos sacrificar um serviço fundamental, sobretudo para os adolescentes que não encontram outra alternativa para os seus problemas de saúde física e mental.