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UE apela à "assistência internacional" e garante apoio após sismo no Afeganistão

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A União Europeia (UE) pediu esta quarta-feira "assistência internacional" para o Afeganistão, após o terramoto que causou mais de mil mortos no país liderado desde agosto pelos talibãs, assegurando que irá ajudar aqueles que mais precisam.

"O terramoto ocorre num momento em que o país continua a enfrentar uma das piores crises humanitárias do mundo, com grandes necessidades humanitárias, deslocamentos e uma grave crise alimentar", alertaram o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic, em comunicado conjunto.

Mais de mil pessoas morreram e outras 1.500 ficaram feridas no sismo de magnitude 5,9 na escala de Richter que sacudiu o leste do Afeganistão na madrugada de quarta-feira.

O número de mortos oficial é de 1.030, mas as autoridades alertaram que os números podem aumentar à medida que os trabalhos de resgate avançam, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Os dirigentes europeus deixaram claro que é "necessária assistência internacional para ajudar os afegãos que perderam os seus familiares, as suas casas e que necessitam de ajuda".

"A União Europeia está em total solidariedade com o povo afegão e ajudará os necessitados", garantiram.

Borrell e Lenarcic sublinharam que, através do Gabinete Humanitário da UE no Afeganistão, estão "em contacto permanente com os parceiros humanitários" e que foi oferecido "todo o apoio operacional necessário".

A ONU e os seus parceiros humanitários destacaram esta quarta-feira as suas forças para socorrer as populações afetadas pelo forte sismo no Afeganistão, com a prioridade imediata de lhes fornecer abrigo e cuidados de emergência.

As Nações Unidas indicaram que as organizações humanitárias parceiras iniciaram preparativos para vir em socorro das famílias afetadas nas províncias de Paktika e Khost, "em coordenação com as autoridades que dirigem 'de facto'" o país, numa referência aos talibãs, que retomaram o poder no país em agosto de 2021, após a retirada ao fim de 20 anos das tropas dos Estados Unidos e da NATO.

Diversos organismos, entre os quais a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a CARE, começaram a enviar equipas de saúde móveis para as províncias de Paktika e Khost.

A OMS entregou igualmente 100 caixas de medicamentos de emergência em Giyan e Barmal.

O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho redirigiu logo três equipas de saúde móveis para Paktika, para responder às necessidades imediatas das populações. Mais carregamentos de material médico e medicamentos estão a ser organizados para envio a partir de Cabul.

Nas próximas 24 horas, as Nações Unidas vão realizar avaliações para identificar as necessidades nos distritos de Giyan e Barmal, na província de Paktika.

O sismo foi registado a cerca de 46 quilómetros da cidade de Khost, perto da fronteira com o Paquistão, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que também relatou um tremor de terra secundário de 4,5 de magnitude.

Imagens partilhadas nas redes sociais mostram várias casas destruídas na pior catástrofe natural registada no país asiático em décadas, e o governo talibã já iniciou os esforços de resgate enviando ajuda, helicópteros e material médico.

O líder máximo dos talibãs, o 'mullah' Hibatullah Akhundzada, instruiu "o Ministério de Gestão de Desastres, os funcionários pertinentes, governadores provinciais e o povo afegão a utilizar todos os seus recursos para chegar às famílias das vítimas, resgatar os mortos e levar os feridos para o hospital", indicou o governo em comunicado.

A liderança do autodenominado Emirado Islâmico fez também "um apelo à comunidade internacional e às organizações humanitárias para que ajudem as famílias das vítimas neste grande desastre e fornecer a maior ajuda possível", acrescenta o texto.

Este sismo acontece depois da saída de muitas agências de ajuda internacional do Afeganistão, devido à retirada dos militares dos Estados Unidos e da NATO e à tomada de poder pelos talibãs a 15 de agosto do ano passado

O desastre complicará o cenário de crise que o país de 38 milhões de pessoas atravessa.