Príncipe herdeiro do Kuwait anuncia dissolução do parlamento
O príncipe herdeiro do Kuwait anunciou hoje a dissolução da Assembleia e a realização em breve de eleições legislativas, num contexto de crise política entre o governo e o parlamento, que dura há vários anos.
Entre os maiores exportadores de petróleo bruto no mundo, o Kuwait é o único país árabe do Golfo a viver uma instabilidade política, com deputados que regularmente criticam os ministros. O poder continua, porém, nas mãos da família Al-Sabah.
"Decidimos dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições parlamentares", afirmou o príncipe herdeiro, xeque Mishal al-Ahmad al-Jaber Al-Sabah, apelando "ao povo (...) para eleger uma nova câmara que possa assumir uma grande responsabilidade na manutenção de estabilidade do Estado".
O decreto de dissolução será publicado nos próximos meses, acrescentou num discurso transmitido pela televisão, sem precisar uma data.
Nas últimas eleições legislativas, em dezembro de 2020, a oposição do Kuwait reforçou as suas fileiras, com 24 deputados eleitos entre 50 lugares na Assembleia Nacional.
No que foi o primeiro país do Golfo a adotar um sistema parlamentar em 1962, os deputados são geralmente eleitos para um mandato de quatro anos e as mulheres podem votar e candidatar-se desde 2005.
Os eleitos dispõem de poderes significativos, não hesitando em criticar até ministros pertencentes à família real acusados de má gestão e até de corrupção.
Em abril, o próprio Governo se demitiu quando os deputados se preparavam para interrogar o primeiro-ministro, Sabah Khaled al-Sabah, sobre acusações de práticas "inconstitucionais", incluindo corrupção.
O atual Governo, criado em dezembro de 2021, está a gerir os assuntos correntes até à formação de um novo executivo.