Líder nacionalista da Polónia deixa Governo para se concentrar no partido
O líder do partido nacionalista conservador da Polónia, Jaroslaw Kaczynski, anunciou hoje que deixou o Governo, em que era vice-primeiro-ministro com a área da segurança e justiça, para se concentrar no partido e nas próximas eleições.
Kaczynski, 73 anos, é considerado o líder 'de facto' da Polónia desde a primeira vitória parlamentar do seu partido Lei e Justiça (PiS) em 2015.
Numa entrevista à agência noticiosa estatal polaca PAP, Kaczynski disse que tinha planeado a mudança mais cedo, mas que a sua saída do Governo, que era esperada, foi adiada pela invasão russa da Ucrânia.
"Apresentei o meu pedido de demissão ao primeiro-ministro e este foi aceite. Tanto quanto sei, o Presidente [da República] também a assinou", disse Kaczynski, segundo a agência francesa AFP.
Acrescentou que o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, irá desempenhar as suas funções na área da segurança, o que considerou ser uma "decisão completamente natural".
"Temos uma guerra e ele é o ministro da Defesa, por isso, na situação particular em que nos encontramos, tal ligação tem vantagens muito grandes", justificou, segundo a agência norte-americana AP.
Kaczynski presidia ao Conselho de Segurança Nacional desde outubro de 2020.
Na entrevista à PAP, Kaczynski disse que cumpriu o plano que tinha definido para si próprio e considerou que, apesar de esse plano não incluir a guerra na Ucrânia, "as decisões mais importantes foram tomadas".
"Queremos armar-nos o suficiente para que um possível ataque ao nosso país seja totalmente irrazoável", disse.
Em outubro de 2021, o Governo polaco aprovou uma lei impulsionada por Kaczynski para duplicar o número de soldados e aumentar as despesas de defesa para 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na altura, segundo a agência espanhola EFE, argumentou que "um Estado na fronteira da NATO e da UE deve ter uma força dissuasora séria e, se necessário, deve ser capaz de se defender eficazmente, durante um longo período de tempo e por si próprio".
O líder da oposição, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, disse hoje no canal privado de televisão TVN24 que a saída de Kaczynski do Governo nada vai mudar.
"Quer seja vice-primeiro-ministro ou presidente da Lei e Justiça, o que importa é que é ele quem toma as decisões. Ele é a pessoa-chave", afirmou.
Kaczynski é amplamente considerado como o político que orienta as decisões do Governo e escolhe os que ocupam posições de topo, incluindo o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, segundo a AP.
Em 2015, indicou o candidato presidencial Andrzej Duda, que cumpre atualmente o segundo mandato como chefe de Estado.
Kaczynski fundou o PiS com o seu irmão e antigo Presidente polaco, Lech Kaczynski, que morreu num acidente aéreo em 2010.
A Polónia deverá eleger um novo parlamento no outono de 2023.