Pagamento por notícias 'online' tarda "em ganhar dimensão no mercado nacional"
O pagamento por notícias 'online' tarda "em ganhar dimensão no mercado nacional", com apenas 12% dos inquiridos a afirmar terem pago para aceder a conteúdos noticiosos em Portugal, segundo o estudo Reuters Digital News Report (DNR), divulgado hoje.
"Tal como observado em anos anteriores, o pagamento por notícias continua, em Portugal, a tardar em ganhar dimensão no mercado nacional", pode ler-se no documento.
O Reuters DNR 2022 "revela que apenas 12% dos portugueses afirmam ter pago por notícias em formato digital no ano anterior - menos cinco pontos percentuais face à média global de 17%".
O estudo, com coordenação científica internacional do Instituto da Reuters para o Estudo do Jornalismo, e com coordenação do apoio à recolha em Portugal do OberCom - Observatório da Comunicação e autoria de Gustavo Cardoso, Miguel Paisana e Ana Pinto-Martinho, baseou-se em dados recolhidos entre 14 de janeiro e 10 de fevereiro, antes da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Neste segmento de negócio, "a forma de pagamento mais frequente é a subscrição de um serviço noticioso de forma contínua", com 32,4%, "seguido do pagamento por notícias de forma indireta, através da subscrição de outro serviço (27%) e o acesso a notícias digitais através de um pacote que inclui notícias em papel", como por exemplo códigos em jornais impressos.
"Os dados do inquérito indicam que o título mais subscrito em formato digital pelos portugueses é o Expresso (28,8%), seguido do Público (22,9%), Correio da Manhã (21,2%) e Jornal de Notícias (17,8%)", aponta o estudo.
O documento aponta ainda que a utilização de redes sociais aumentou em todas as principais plataformas, exceto o Messenger (menos 3,2 pontos percentuais) e o Twitter (menos 5,2 pontos percentuais).
Quanto ao consumo de notícias nas redes sociais, aumentou em todas as plataformas menos no TikTok (-2,0 pontos percentuais) e no Twitter (-4,3 pontos percentuais).
"O Facebook é utilizado, em geral, por três quartos dos portugueses que utilizam a Internet (75,9%) e para o consumo de notícias por cerca de metade (48,7%)", seguindo-se, respetivamente, YouTube (67,7% uso geral e 24,5% para consumo de notícias) e WhatsApp (67% e 24,4%, respetivamente).
Entre 2021 e 2022, a plataforma que mais aumentou a utilização foi o Instagram (4,7 pontos percentuais dos 48,3% em 2021 para 53,0% em 2022, no uso geral, e 5,6 pontos percentuais dos 14,4 para os 20,0% no consumo de notícias).
Relativamente ao Facebook, desde 2015 "perdeu quase 20 pontos percentuais (18,4 pp.) de consumo de notícias" em Portugal, mas as redes sociais do grupo Meta (do qual o Facebook faz parte), como o WhatsApp ou Instagram, "aumentaram de forma significativa a sua presença enquanto veículos de distribuição de notícias".
Quanto a outros tipos de subscrições digitais, "verifica-se que os conteúdos pelos quais os portugueses mais pagam são o 'streaming' de filmes/séries, com 21,5% dos portugueses que utilizam a Internet a subscrever pelo menos uma destas ofertas e 9,5% a subscrever duas".
Em termos agregados, "56,9% dos portugueses que utilizam a Internet subscrevem pelo menos um serviço de 'streaming' de vídeo, 34,6% um serviço de música digital, 29,8% um pacote desportivo (TV + digital) e 21,4% afirmam pagar por audiolivros ou podcasts", com as notícias a serem "claramente o tipo de conteúdos digitais menos popular".
Para os autores do estudo, este dado revela "uma fraca adaptação das marcas mass-mediáticas à economia digital e às estratégias de 'marketing' que tenham em conta a fraca cultura de consumo pago por notícias em Portugal".
O Reuters Digital News Report 2022, 11.º relatório anual do Reuters Institut for the Study of Journalism, foi feito a partir de inquéritos a mais de 90 mil utilizadores da Internet em 46 países, incluindo Portugal.