O Canal História, em co-produção com a RTP, produziu uma mini-série documental intitulada 'Churchill na Madeira', sobre a passagem do Primeiro-Ministro britânico pela Região Autónoma da Madeira. A produção, gravada integralmente na Região, tem estreia programada para o próximo sábado 18 de Junho, pelas 22h15.

O documentário composto por dois episódios, com cerca de 50 minutos cada, debruça-se sobre a preparação e a visita de Winston Churchill à Madeira, em 1950. Esta é a primeira vez que se aborda, através de documentário, a visita do Primeiro-Ministro britânico ao Arquipélago, permitindo perceber a importância desse acontecimento histórico.

Sergio Ramos, vice-presidente de programação dos canais de documentários da AMC Networks International Southern Europe, explica que a série recorre "a reconstituições, arquivos, cartas e testemunhos muito enriquecedores que ajudam a perceber porque é que esta visita mudou a história da ilha e do mundo para sempre”.

As imagens (fotografia e filme) são provenientes de arquivos, bem como de jornais da época, nacionais e estrangeiros. Os arquivos da rádio ajudaram a contextualizar os anos em que se passa a narrativa.

A rodagem decorreu nos locais onde se deram os acontecimentos, contando ainda com encenação de pequenas reconstituições com o objectivo de criar uma atmosfera cinematográfica.

A produção contou ainda com diversos testemunhos, o caso do historiador José Pacheco Pereira, do presidente do Governo Regional da Madeira e autor do livro 'Winston Churchill na Madeira', Miguel Albuquerque, do presidente da AP Madeira, Eduardo Jesus, de Michael Blandy, membro da família detentora da maior produtora mundial de vinho da Madeira, que convidou Churchill a visitar a ilha, de Egídio Teles, habitante de Câmara de Lobos que, com 9 anos, recebeu Churchill junto à sua casa, onde passou a manhã a pintar e de Marcelino Abreu, filho do motorista de Churchill durante a visita.

Em 'Churchill na Madeira' é dado a saber tudo sobre a preparação da visita de Churchill e da sua comitiva, a chegada, acompanhado pela mulher e filha, como decorreu a visita e as suas rotinas, recorrendo às memórias da comunidade inglesa residente na ilha e dos madeirenses. O documentário dá ainda a conhecer a Madeira como um lugar muito diferente de 1950, percebendo o impacto que esta viagem teve no futuro da ilha.

Para a realizadora Joana Pontes, a série revela vários aspectos desconhecidos da célebre visita. “Quando me convidaram para escrever e realizar um documentário sobre a visita que Churchill fez à Madeira, percebi que pouco se sabia deste acontecimento. Estive um fim-de-semana a colher alguma informação e confirmei que era um enorme desafio”, assume a autora para quem a investigação “tornou possível a existência da história que acabámos por contar e que tem, na realidade, duas personagens principais: Winston Churchill e a Ilha da Madeira”.

A série documental foi gravada em inúmeras localizações de extraordinária beleza por onde Winston Churchill passou e onde foram feitas as entrevistas aos especialistas e filmadas as recreações, tais como a Fajã da Nogueira, o Ribeiro Bonito de São Jorge, a Quinta do Palheiro Ferreiro, o Museu de Fotografia Vicente´s, o Reid´s Hotel onde Churchill esteve alojado, ou o Blandy´s Wine Lodge, entre outros.

'Churchill na Madeira' é uma co-produção do canal História com a RTP, produzida pela SPi, que conta com o apoio da APM – Associação de Promoção da Madeira.

VISITA DE CHURCHILL À MADEIRA

Em 1950, Winston Churchill passou 12 dias de férias na Madeira, onde deixou marcas profundas no turismo da Região. O convite foi-lhe endereçado pelo Reid's Palace Hotel, ainda no Verão de 1949, mas só 1 de Janeiro de 1950, a bordo do navio Durban Castle, é que Churchill chega à ilha acompanhado da esposa e de uma das filhas, de duas secretárias, um criado pessoal, um guarda-costas e ainda do coronel Frederick Deakin, que o assessorava na escrita das suas memórias.

Nesta sua estadia, o célebre Primeiro-Ministro britânico da 2.ª Guerra Mundial deslocou-se a Câmara de Lobos, onde montou o cavalete e a tela, e pintou o famoso quadro que retrata a baía e o ilhéu. O fotógrafo Raul Perestrelo foi quem imortalizou o momento e, atualmente, o local é designado por Miradouro Winston Churchill.

Quando deveria permanecer na Madeira até 16 de janeiro, Churchill viu-se obrigado a alterar o seu regresso para dia 12, devido à antecipação das eleições gerais em Inglaterra, deixando a ilha a bordo de um hidroavião, da companhia inglesa Aquila Airways, tendo a esposa e a filha regressado na data inicialmente prevista.