A crónica espera por melhores respostas
O serviço público de saúde é o garante efetivo do direito que todo o cidadão tem a proteção da saúde, independentemente da sua situação económica, social, ou área geográfica em que vive. O período pandémico que ainda estamos a viver evidenciou a imprescindibilidade dos serviços de saúde, a resiliência dos seus profissionais assim como expôs a urgência em corrigir os crónicos constrangimentos identificados no sistema.
Passaram-se mais de dois anos desde o início da pandemia onde passámos do desconhecimento, com medidas extremas, avulsas e inconsequentes, para uma realidade em que muitas transformações vieram para ficar. O conhecimento entretanto acumulado e a consequente implementação de medidas que conduziram à situação epidemiológica atual, não podem continuar a justificar o atraso numa nova reorganização dos serviços nem a ausência de respostas aos problemas de saúde dos cidadãos.
Porque a saúde representa um dos maiores desafios para todos, várias iniciativas têm-se realizado para debater os crónicos problemas do setor e as dificuldades provocadas pela pandemia nos serviços de saúde, num país de baixas pensões e rendimentos, parcos recursos, onde a despesa corrente com a saúde suportada pelas famílias é das mais elevadas na Europa.
Segundo um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), para a Comissão Europeia, as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde passam entre outros aspetos pelos prolongados tempos de espera, pela desigual distribuição das instalações e equipamentos, pela falta de profissionais de saúde e pelas disparidades geográficas na sua distribuição.
Tanto o relatório da (OCDE) como o Conselho Internacional de Enfermeiros o (ICN) alertam ainda para o problema dos salários dos profissionais de saúde principalmente no setor público, as condições em que exercem a profissão, assim como a pressão a que estão constantemente sujeitos dificultando a sua retenção no serviço público de saúde.
Os problemas estão há muito tempo identificados, são transversais e envolvem outros setores, sabe-se que é possível melhorar a rentabilidade dos blocos operatórios, que é possível utilizar meios menos dispendiosos garantindo às famílias mais e melhores cuidados, que evitem os seus membros de adoecerem ou se doentes assegurar os cuidados que necessitam com mais proximidade, menor custo e desperdício.
Que a ausência de logística e planificação inviabiliza procedimentos assim como o reconhecimento objetivo das carências existentes a vários níveis, nomeadamente nas áreas da promoção da saúde, prevenção da doença e saúde cerebral.
Que é possível evitar muitas sobreposições, dotar os serviços de recursos humanos e materiais, aprofundar a centralidade no utente, invertendo a tendência hospitalocentrica que se vive na saúde de forma a oferecer melhores respostas em saúde dentro e fora do Hospital.