A retoma Filarmónica na Região Autónoma da Madeira

A Música é uma das muitas artes artístico-performativas que desde sempre tem acompanhado a humanidade, pois ajuda a reunir e a contribuir para o desenvolvimento social e cultural das sociedades onde é efetivamente praticada.

Segundo um artigo da autoria de Cristiano Pereira publicado no Jornal de Notícias, o reconhecido Maestro Gustavo Dudamel aquando da sua visita a Portugal em 2009, proferiu no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, que existe “(…), muita gente que não sabe o que é a arte porque não tem acesso a ela, e um povo sem cultura é um povo sem alma.”

Portugal possui uma longa e já secular tradição cultural, nomeadamente no que se refere à Filarmonia, onde a Música constitui-se como a principal arte e atividade desenvolvida por muitas Bandas, Associações e Instituições Filarmónicas, muitas já centenárias e bicentenárias de indefinível valor, que se têm constituído como enormíssimos exemplos instituto-organizacionais de atividade musical e autênticas escolas de aprendizagem músico-instrumental, sociocultural e humana de inúmeras gerações, que têm contribuído indubitavelmente para a construção da sociedade que hoje todos nós conhecemos. Arrisca-se até afirmar, que uma grande parte de toda a atividade e dinâmica Musical e Cultural que hoje existe, teve e tem a sua génese no gigantesco trabalho que foi, é e com certeza continuará a ser realizado pelas Bandas Filarmónicas Portuguesas.

Na Região Autónoma da Madeira esta realidade Filarmónica não é díspar e todas as Bandas Filarmónicas da RAM, constituem-se como importantíssimas Instituições Culturais ao serviço de toda a nossa comunidade, que merecem ser amplamente apoiadas, acarinhadas e preservadas por todos nós, agora que se assiste ao retomar de uma certa normalidade de muitas das nossas tradicionais festas, arraiais, hábitos e costumes culturais, intimamente ligados à atividade filarmónica.

A Associação de Bandas Filarmónicas da Região Autónoma da Madeira (ABFRAM), enquanto representante da grande maioria das Bandas Filarmónicas existentes na RAM, vem em primeiro lugar reconhecer e agradecer publicamente todo o apoio que nos tem sido concedido, todo o contributo prestado e o esforço desenvolvido por várias Empresas, Entidades Privadas e Religiosas, todas as Câmaras Municipais e demais Entidades Públicas da RAM, nomeadamente pelo Governo Regional da Madeira, através da sua Secretaria Regional de Turismo e Cultura na pessoa do Sr. Secretário Eduardo Jesus, na preservação, manutenção e sobrevivência das nossas Bandas Filarmónicas, que em particular nos últimos dois anos de pandemia vivenciaram enormes dificuldades e viram as suas atividades reduzidas a zero, atendendo que a atividade musical e cultural foi uma das mais atingidas com a situação pandémica com que todos nós somos confrontados.

Em segundo lugar, perante a retoma da normalidade das nossas vidas quotidianas já se assiste e como proximamente continuaremos a ter um pouco por toda a Região Autónoma da Madeira, grandes e inúmeros eventos de natureza Festiva, Cultural, Gastronómica, Religiosa, Artística,

Desportiva entre outros, a ABFRAM apela para que mais Instituições Empresariais, Entidades Públicas, Religiosas e Individualidades Privadas então impulsionadoras e responsáveis pela organização e promoção destes grandes eventos sociais e culturais, se juntem ao Movimento Filarmónico da RAM, patrocinando condignamente e auxiliando a dinamização de todas as nossas Bandas Filarmónicas, contratando-as para a realização e apresentação de Concertos, apoiando-as, promovendo-as e divulgando-as de forma a inclui-las nos seus Programas a desenvolver, à semelhança do que já acontece um pouco por todo o nosso país, pois todos nós enquanto sociedade somos corresponsáveis e temos o dever de preservar, promover, amplificar e perpetuar não só, mas também toda a nossa Cultura Musical e Filarmónica.

Através do Projeto “O Museu das Bandas Filarmónicas da Região Autónoma da Madeira” acessível em https://www.museubandasfilarmonicas.pt/, é possível conhecer, apoiar e acompanhar as atividades desenvolvidas por todas as nossas Bandas Filarmónicas, que também marcam presença nas mais diversas redes sociais.

Perante os inúmeros desafios da contemporaneidade e futuridade, a Filarmonia em particular precisará ainda mais do apoio de todos nós enquanto comunidade, de forma a que todas as nossas Bandas Filarmónicas possam dar prosseguimento e irradiar o seu fulcral contributo na construção e desenvolvimento Musical, Cultural, Social e Humano de toda a sociedade madeirense.

Por Último, mas não menos importante, um bem-haja a todos os Músicos, Regentes, Maestros, Compositores, Dirigentes e Presidentes de todas as Bandas Filarmónicas da RAM, que de forma resiliente contribuem diariamente para o desenvolvimento, engrandecimento e dignificação da nossa Cultura Musical Filarmónica na Região Autónoma da Madeira.

Juvenal Dantas, vice-presidente da ABFRAM