Crónicas

Mãe com H

Quando morrem há homens elevados pelos seus pares com um H grande. Às mulheres a despedida escreve-se com um M grande. Sinal de reconhecimento, distinção e de uma vida que terá marcado muitas outras.

Criar filhos não é fácil, sem uma rede familiar de apoio por perto ainda mais desafiante se torna. Num momento prosaico cá por casa, em resposta à dificuldade sentida da minha interlocutora para responder a todas as exigências do quotidiano respondi que era uma mãe com H grande. Pois bem sei que mãe não se escreve com h, nem grande nem pequeno. Mas todos os dias o guião desse papel escreve-se com um H.

A mãe de hoje é Humana, não é perfeita. Falha como todos falhamos, porque é difícil conciliar trabalho, casa, parentalidade, mas sente mais a culpa, auto-imposta. É Humana quando as emoções toldam a razão, é Humana quando o colo é cronometrado entre banhos e jantares, é Humana quando a energia consumida no trabalho limita a energia disponível quando se abre a porta de casa. É Humana quando as horas de sono subtraídas em casa são recompensadas por um salário que compra bens materiais mas não meia hora de baloiço ou escorrega.

E continua a ser Humana no amor do beijo de boa noite, na segurança do abraço à saída da escola ou no zelo sanitário na hora de lavar os dentes.