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“Todos à molhada”

Pois, era um dos versos de uma canção do Estebes, com a contexto que a equipa portuguesa era tão boa que não precisava de preparação.

Na minha perspectiva, tem sido um pouco esta a estratégia do turismo regional… tudo à molhada, que alguém vai resolver. Os casos do Arieiro, como os casos do Rabaçal e do Ribeiro Frio, e da Baía de Abra e da Ponta do Rosto, até podem ser relativamente fáceis de resolver, até com um balde de tinta amarela, mas a maior questão não está na falta de infraestruturas – está sim, no excesso de turistas.

Está no excesso de pressão que estes turistas exercem sobre a infraestrutura regional, mas está sobretudo nas poucas compensações que cá deixam por esta pressão. É este o caso dos que chegam de navio, e que passam umas horas no Funchal, onde deixam a cidade num caos, e se queixam que dois cafés são demasiado caros. É este o caso (semana passada) que um turista recém chegado numa low cost foi fotografado a passar revista aos caixotes de lixo do aeroporto, quiçá à procura de uma bebida, ou uma comidinha abandonadas.

A aposta nas low cost continua – porque sempre me pareceu – uma aposta disparatada e pouco sustentável. Porque traz para a região uma série de turistas que não correspondem ao nosso target. A Madeira não tem espaço (nem estruturas, nem pachorra – muito honestamente) para o turismo de massas. Porque não temos espaço para gerar o nosso rendimento deste escalão, temos de o procurar nas margens maiores, mesmo que as taxas de ocupação caiam. Afinal, o que é melhor? Cinquenta a pagar cem, ou cem a pagar cinquenta? Em termos de facturação é o mesmo, mas em termos de custos corresponderão a um decréscimo significativo, o mesmo a ser verdade para a pressão que geram sobre a estrutura, e a população.

Porque a alternativa, a que temos, é ter turistas que ficam ofendidos porque lhes chamamos a atenção por terem parado em lugares com 12 metros de comprimento, sinalizados como destinados exclusivamente a autocarros.