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Opositor russo Navalny foi transferido para prisão conhecida pelos maus-tratos

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Alexei Navalny, destacado opositor do Governo russo, confirmou hoje que foi transferido para outra prisão, mais longe da cidade de Moscovo do que a anterior e conhecida pelos maus tratos infligidos aos detidos, noticia a agência AFP.

"Olá a todos do sítio (prisão) com regime severo. Ontem (terça-feira) fui transferido IK-6 +Melekhovo+, um estabelecimento prisional localizado a cerca de 250 quilómetros a leste de Moscovo", escreveu Navalny na sua página do Instagram.

A confirmação da transferência de estabelecimento prisional do ativista russo, de 46 anos, surge um dia depois de apoiantes seus terem alertado que este tinha desaparecido da prisão em que se encontrava a cumprir pena e que o seu paradeiro era desconhecido.

O estabelecimento prisional de IK-6 +Melekhovo+ fica localizado perto da cidade de Vladimir e tem motivado várias investigações jornalísticas, devido a alegados maus-tratos a detidos.

Em maio, Kira Iarmych, porta-voz de Navalny já tinha alertado para o facto de esta prisão ser "uma das mais assustadoras da Rússia", assegurando que "os detidos estão a ser torturados e mortos lá".

Alexei Navalny, o político que mais fez frente ao presidente russo Vladimir Putin, foi detido em janeiro de 2021 depois de retornar da Alemanha, onde estava a recuperar de um envenenamento induzido por um agente nervoso que, segundo o mesmo, foi planeado pelo Kremlin.

Na altura, foi condenado a uma pena de prisão de dois anos e meio por violação da liberdade condicional.

Em março, o político e ativista foi ainda sentenciado a nove anos de prisão por fraude e desrespeito pelo tribunal, acusações estas que foram encaradas por Navalny como motivadas politicamente e como uma tentativa de o manter aprisionado pelo máximo de tempo possível.

O juiz ordenou que o crítico do governo russo cumprisse a nova pena numa prisão de segurança máxima, para a qual seria transferido depois de ter perdido o recurso em tribunal no início de junho.

Navalny estava a cumprir pena na colónia penal de Pokrov, a 100 quilómetros de Moscovo, considerada já uma das mais "duras" da Rússia.

Com o reforço da pena de Navalny, seguiu-se ainda uma nova onda de repressão por parte do Kremlin contra os apoiantes do opositor russo, bem como contra outros ativistas de oposição ou jornalistas independentes, numa tentativa de abafar as dissidências políticas.

Alguns dos principais apoiantes de Navalny já enfrentaram acusações criminais e viram-se obrigados a deixar o seu país.

A infraestrutura política dos apoiantes de Navalny, constituída por uma fundação anticorrupção e uma rede de escritórios regionais, também foi destruída depois de ser identificada como organização extremista.

O nome de Navalny e de outros associados aparecem agora no registo de terroristas e de extremistas da Rússia.