"Na nova base [da Ryanair] na Madeira está a correr incrivelmente bem"
Já em termos nacionais, a companhia estima tarifas 9% mais altas este Verão "arrastada" pela concorrência
A Ryanair estima ter tarifas entre 8% a 9% mais elevadas este verão, em julho e agosto, "arrastada" pela concorrência que sobe preços dada a alta do combustível, prevendo, ainda assim, operar mais 115% do que antes da pandemia.
"De momento, com base nas reservas antecipadas para julho e agosto, parece que as tarifas serão mais elevadas, entre mais 8% a 9% em julho e agosto", disse o presidente executivo do grupo Ryanair, Michael O'Leary, em entrevista à Agência Lusa em Bruxelas.
Em Bruxelas para reuniões com os sindicatos belgas e para discussões sobre as novas regras para o regime de comércio de licenças de emissão da União Europeia, Michael O'Leary afirmou à Lusa que "as tarifas estão estáveis em junho face ao período pré-covid-19, depois de terem descido 6% a 7% em abril e maio", com os preços cobrados aos passageiros a serem "mais altos em julho e agosto".
"Deve-se em grande parte ao custo mais elevado do combustível na concorrência, que aumentam as tarifas para pagar o combustível mais elevado", pelo que, apesar de "nós cobrirmos o nosso combustível, estamos a ver as nossas tarifas serem arrastadas pelas dos concorrentes", explicou o responsável.
De acordo com Michael O'Leary, a companhia aérea irlandesa de baixo custo pretende "manter as tarifas baixas", razão pela qual aposta em 70 novas aeronaves este verão e mais 55 aeronaves no próximo inverno.
"Estamos a acrescentar capacidade para manter as tarifas baixas, mas a concorrência está a fazer subir os preços porque estão mal protegidos", adiantou.
Sobre previsões para a operação no verão, Michael O'Leary referiu que a Ryanair estima "operar a cerca de 115% do pré-covid-19", dado estar a "crescer muito fortemente".
"Em abril e maio, o nosso tráfego foi mais elevado do que em 2019 pré-covid-19 e, por isso, continuamos a ser a única companhia aérea que este verão estará a operar a mais do que o nosso tráfego pré-covid-19", adiantou.
A expectativa da companhia aérea é ainda que, este verão, os destinos portugueses sejam dos mais procurados na Europa.
"Há um crescimento no Porto, em Faro, na nova base na Madeira está a correr incrivelmente bem", concluiu Michael O'Leary.
A Ryanair conta atualmente com 89 bases em 225 aeroportos de 36 países europeus.
O setor da aviação foi um dos mais afetados pela pandemia, tendo as companhias aéreas europeias perdido cerca de 500 milhões de passageiros entre 2020-2021 em comparação com 2019 e despedido 150 mil funcionários.
Com a eliminação das restrições covid-19, o setor aéreo já vê sinais de recuperação, que é afetada contudo pelas tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa no final de fevereiro passado.
As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia também pressionam os preços energéticos, num setor que já estava em crise ainda antes do confronto.
Os preços dos combustíveis dispararam nas últimas semanas e alcançaram os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta.
Este aumento dos combustíveis pressiona o setor da aviação, o que poderá resultar em bilhetes de avião mais caros, já que o combustível representa até 35% dos custos operacionais das companhias aéreas.
As mais recentes previsões internacionais indicam que as transportadoras aéreas europeias não deverão apresentar lucros até 2023 ou 2024, na melhor das hipóteses.