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Portugal vai aproveitar todas as oportunidades para aprofundar relações bilaterais com a Venezuela

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O embaixador de Portugal em Caracas disse que Lisboa vai aproveitar todas as oportunidades para aprofundar as relações bilaterais com a Venezuela e sublinhou que há "sinais de esperança" nesse sentido.

"Portugal, um país profundamente defensor do multilateralismo, da promoção dos direitos humanos, da democracia, do respeito pelo Estado de Direito, do pluralismo político e das liberdades individuais, está empenhado em aprofundar as relações com a Venezuela, aproveitando todas as oportunidades que possam surgir num futuro próximo", afirmou João Pedro Fins do Lago.

O diplomata falava para umas 300 pessoas, entre portugueses, empresários e representantes de várias representações diplomáticas que na noite de segunda-feira se deslocaram até à sua residência em Caracas no âmbito de uma receção que assinalou localmente o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.

"As relações profundas e históricas entre Portugal e a Venezuela estão hoje, como no passado, marcadas por um profundo respeito entre povos, culturas e hábitos. Como resultado de vários factos económicos e políticos, agravados pela situação pandémica que ainda persiste, estas relações atravessaram momentos frios nos últimos anos. Existem, no entanto, sinais de esperança", explicou o embaixador.

João Pedro Fins do Lago disse estar convencido "de que os bons caminhos são sempre os que surgem do diálogo e as pontes seguras são as que se constroem de ambos os lados, onde existe a vontade de cooperar e de encontrar conjuntamente caminhos que conduzam à prosperidade mútua e ao bem comum".

O diplomata explicou que "neste contexto" podia informar que "a TAP irá retomar, já a partir do próximo dia 21, as ligações diretas, semanais, entre Lisboa e Caracas".

"Será um momento que simboliza o futuro de uma relação cada vez mais estreita entre os povos da Venezuela e Portugal, entre a Venezuela e a Europa", sublinhou.

O embaixador referiu-se a Luís de Camões, "a maior figura da literatura lusófona" e explicou que "a história de Portugal, um país de poetas que cantam a saudade e a esperança, palavras tão portuguesas, está profundamente marcada em relação ao mar".

Por um lado recordou a epopeia das Descobertas e explicou que a relação com o mar traz consigo responsabilidades pela sua preservação e que a sua sustentabilidade necessita de respostas multilaterais à escala global.

Por outro, explicou que Portugal está a coorganizar com o Quénia, a 2.ª Conferência dos Oceanos no âmbito das Nações Unidas (de 27 de junho a 01 de julho, em Lisboa) e que a declaração final procurará contribuir para um plano de ação comum a vários países no âmbito do Objetivo 14 do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 daquele organismo.

João Pedro Fins do Lago sublinhou ainda que uma das maiores riquezas de Portugal são as comunidades que, como o caso da Venezuela "têm um peso e significado muito particular".

"A comunidade portuguesa de dupla nacionalidade e lusodescendente, estimada em mais de meio milhão de pessoas, é a comunidade de origem europeia mais numerosa na Venezuela. Ela está profundamente enraizada neste país, orgulhosa das suas raízes portuguesas, mas igualmente orgulhosa da sua pertença à sociedade venezuelana", disse, sublinhando que é pacífica e dedicada ao trabalho.

"A Venezuela recebeu, recebe, e assim espero, continuará a receber de braços abertos os portugueses que escolhem esta terra para seu lar e a ela dedicam a sua vida. Há milhares de casos de filhos de portugueses e venezuelanos, o que é uma prova de excelente integração nesta sociedade de acolhimento. São famílias que possuem duas pátrias. Esta característica, tão importante e singular faz parte integrante da sua própria identidade cultural", frisou.

O embaixador agradeceu publicamente o trabalho da "equipa realmente extraordinária" da embaixada de Portugal local, da Coordenação do Ensino de Português na Venezuela, dos cônsul-gerais em Caracas e em Valência, dos cônsules honorários e das equipas consulares.