Nova Jersey e Califórnia são os estados onde os luso-americanos ganham mais
Nova Jersey e Califórnia são os estados onde os luso-americanos obtêm maiores rendimentos e ficam acima da média da população norte-americana, disse a investigadora Dulce Maria Scott, da Anderson University, durante uma cimeira.
"Os luso-americanos na Califórnia fazem mais dinheiro que a média nos Estados Unidos, na Califórnia e na comunidade", afirmou a investigadora, durante a cimeira anual da coligação de luso-americanos na Califórnia, CPAC ('California Portuguese American Coalition').
"Rhode Island tem o nível de rendimento mais baixo, seguido da Florida, e Nova Jersey tem o mais elevado", acrescentou.
Os dados foram compilados a partir das estatísticas do American Community Survey (ACS) 2019 do U.S. Census Bureau e mostram que os luso-americanos em Nova Jersey têm um rendimento familiar médio de 122,967 mil dólares (116,849 mil euros) por ano, enquanto na Califórnia este é de 116,4 mil dólares (110,609 mil euros).
Em Massachusetts, o rendimento médio anual dos luso-americanos é de 103,4 mil dólares, enquanto na Florida é de 86,4 mil dólares e em Rhode Island 85,2 mil. Por comparação, a média nos Estados Unidos é de 93,5 mil dólares (88,8 mil euros) anuais.
Na sua pesquisa, Dulce Maria Scott encontrou dados agregados (ACS 2015) que mostram que os luso-americanos obtiveram um total de 43,1 mil milhões de dólares (40,9 mil milhões de euros), estando os residentes de origem portuguesa na Califórnia à frente com 11,6 mil milhões.
Em termos de profissões, os luso-americanos na Califórnia têm a maior percentagem (42,1%) nos segmentos mais bem pagos -- ciência, finanças, artes e gestão -- seguidos dos residentes na Florida (41,9%), Nova Jersey (38,2%), Massachusetts (37,2%) e Rhode Island (34,2%).
É em São Francisco que se concentra a maior percentagem de pessoas de origem portuguesa que estão nestes segmentos (60,6%), seguido de Orange County e Los Angeles.
A apresentação também se debruçou sobre o nível educativo dos luso-americanos e mostrou uma evolução exponencial desde 2000, com 31,6% a terem já educação superior. A média nos Estados Unidos da América é de 33,1%.
Com dados que indicam uma assimilação rápida da comunidade portuguesa, a investigadora Dulce Maria Scott frisou a preocupação que existe quanto à manutenção da língua e cultura.
"Há quatro preocupações diaspóricas: manter a língua portuguesa, conseguir que mais pessoas se envolvam nas organizações comunitárias, manter a cultura e manter laços com Portugal", afirmou.
"Manter a língua portuguesa é uma preocupação da diáspora porque é importante para a manutenção da identidade cultural", continuou, referindo estatísticas obtidas na pesquisa do Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS) 2019-2020.
Os números do ACS 2019 dizem que 73,2% dos luso-americanos só falam inglês em casa. A fluência, de acordo com a pesquisa PALCUS, desce consideravelmente a partir da segunda geração.
As preocupações estendem-se à ligação das comunidades com Portugal. "O país de origem é onde a diáspora fundamenta a sua identidade. Precisamos das ligações ao país de origem para nos fundamentarmos como luso-americanos".
Na pesquisa, parte dos inquiridos disse que é difícil conseguir que os mais novos se envolvam nas organizações comunitárias, o que complica a viabilidade futura.
"Se não tivermos organizações comunitárias, não seremos uma diáspora no longo prazo", frisou Dulce Maria Scott. "É bom que as pessoas tenham preocupações diaspóricas, mas mau que sintam estas questões ameaçadas", notou.
Os números da investigadora também mostram que o total da população de origem portuguesa nos Estados Unidos tem vindo a diminuir nas últimas décadas. Passou de 1,426 milhões nos censos de 2010 para 1,372 milhões no ACS 2015 e 1,363 milhões no ACS 2020.
Califórnia, Massachusetts e Rhode Island registaram declínios significativos a partir de 2010, enquanto a Florida e o Texas foram os estados que mais cresceram.