É tudo uma questão de tempo
Quatro horas de espera dentro de uma ambulância não comovem Pedro Ramos
Boa noite!
A Saúde tem sido assunto dominante nas nossas primeiras páginas, num contexto em que a pandemia continua activa, com a Madeira a atingir hoje um total acumulado de 303 mortes devido à Covid 19, e a ser inacreditavelmente usada como desculpa para quase todos os males do sistema que já foi exemplar, mas que padece de vários vícios que a excelência de muitos profissionais minimizam e danos estruturais irremediáveis.
Há dois dias mostramos várias ambulâncias paradas no Hospital do Funchal, uma situação que esconde um drama que leva os empenhados bombeiros a fazer um apelo desesperado a quem gere o sector. Os doentes chegam a aguardar mais de quatro horas dentro das viaturas de socorro, à porta do hospital. O secretário regional da Saúde garantiu esta tarde que esperar quatro horas não é tempo de mais porque a “segurança dos profissionais e dos utentes está em primeiro lugar”. Pedro Ramos que experimente o sufoco da longa espera, quase tanta como aquela que é precisa para passar a fronteira no aeroporto de Lisboa.
Hoje revelamos que o Banco de Sangue precisa de novos equipamentos pois há alguns com mais de 20 anos. O director do serviço de Sangue lamenta a falta de planeamento nas aquisições e pede mais investimento na unidade. Horas depois, o secretário regional da Saúde desvalorizou as declarações do seu colega, alegando que porventura terá sido mal interpretado. Pedro Ramos julga que impondo a estratégia da avestruz tudo se resolve.
Andamos nisto há anos, a partilhar factos fundamentados e a mostrar que nem tudo vai bem no SESARAM e arredores, em que as listas de espera para consultas e cirurgias ganham contornos absurdos, em que os doentes com alta clínica bloqueiam camas necessárias para internamentos e em que as Urgências não dão para as encomendas, enquanto quem devia estar focado nas soluções urgentes, culpa sem escrúpulos quem dá notícias!
É caso para ensaiar quadras a preceito para enfeitar o manjerico de quem manda:
Em tempo de santos populares
Pedro Ramos foi de novo displicente
Como se aos serviços hospitalares
Quisesse ir quem não está doente