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Polícia detém suspeitos de agressão a mulheres que causou indignação na China

Atenção às imagens de extrema violência (com vídeo)

As autoridades chinesas prenderam nove pessoas por terem agredido violentamente três mulheres num restaurante, depois de imagens do ataque registadas pelas câmaras de vigilância e difundidas nas redes sociais terem provocado indignação generalizada.

As imagens de uma churrascaria em Tangshan, no norte da província de Hebei, mostram um dos homens a aproximar-se de uma mesa, onde três mulheres estão sentadas, e a colocar a mão nas costas de uma das mulheres.

A mulher perguntou-lhe o que é que ele quer, antes de gritar "és um doente", e dar-lhe um bofetão na mão.

O homem bate então no rosto da mulher, desencadeando uma briga. A vítima inicial é arrastada pelos cabelos. Um grupo de homens que está a jantar do lado de fora juntou-se ao ataque, espancando as mulheres com cadeiras e garrafas de cerveja.

Duas das mulheres foram hospitalizadas, mas estão em condição estável, segundo a imprensa local.

Fotografias da mulher numa maca do hospital, com o rosto inchado e ensanguentado, e imagens do ataque, tornaram-se virais nas redes sociais do país.

A agressão e a indignação pública renovaram o debate sobre a misoginia e maus-tratos às mulheres na China. No início deste ano, um vídeo viral de uma mulher acorrentada a uma parede, numa cabana, gerou reações, depois de as autoridades inicialmente negarem que ela fosse vítima de tráfico humano.

Mais tarde, apurou-se que a mulher tinha sido vendida como noiva.

Todos os nove suspeitos foram presos no sábado, de acordo com um comunicado das autoridades, divulgado através da rede social Weibo.

No domingo, o vídeo tinha recebido mais de 68 milhões de visualizações. As imagens mais explicitas do ataque, ocorrido do lado de fora do restaurante, foram, entretanto, retiradas pelos censores chineses.

Os internautas condenaram o ataque e criticaram a polícia de Tangshan, por ter sido demasiado lenta a encontrar e deter os suspeitos.

"Sou mulher e tenho uma filha", disse uma internauta, identificada com o apelido BaobaomaoDaren. "Questiono-me -- estou a criar valor para a sociedade e a gerar energia positiva, será que esta sociedade me protegerá a mim e à minha filha?"

A emissora estatal CCTV disse que os suspeitos devem ser presos o mais rápido possível e "punidos severamente de acordo com a lei" para prestar contas às vítimas e ao público.

Uma mensagem no Weibo publicada na noite de sábado e lida dezenas de milhares de vezes argumentou que o incidente não foi aleatório, mas um reflexo da violência sistemática contra as mulheres, enraizada na sociedade chinesa.

"Devemos admitir que a nossa realidade contém forças que apoiam, incentivam e impulsionam a violência masculina contra as mulheres", escreveu o internauta.

Em dezembro passado, uma funcionária do grupo chinês de comércio eletrónico Alibaba foi demitida depois de acusar publicamente o seu diretor e um cliente de agressão sexual durante uma viagem de negócios. Ela disse que denunciou o incidente à empresa, mas que não obteve resposta.

Um mês antes, Peng Shuai, estrela de ténis chinesa e três vezes atleta olímpica, acusou o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de má conduta sexual. Peng posteriormente retirou as alegações, depois de ter estado desaparecida durante várias semanas.