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UE tem de aproveitar oportunidade para acelerar transição energética

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A eurodeputada Margarida Marques defendeu hoje que a União Europeia (UE) tem de aproveitar a oportunidade criada pela necessidade de ser independente energeticamente da Rússia, para acelerar a transição para uma energia 'verde'.

Esta posição foi expressa pela eurodeputada do Partido Socialista (PS), que pertence ao Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D), em declarações a jornalistas portugueses à margem de um seminário sobre o pacote Objetivo 55 (Fit for 55), no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

"O que nós temos é que aproveitar esta oportunidade para acelerar a transição energética e termos sempre presente, na construção da autonomia energética, a transição para uma energia 'verde'", respondeu a eurodeputada quando questionada sobre se a guerra na Ucrânia vai criar dificuldades ou, pelo contrário, acelerar a prioridade da transição climática, onde a transição energética tem um papel fundamental.

Questionada se a aceleração da transição energética poderá ter um efeito punitivo nas pessoas, Margarida Marques disse que, apesar de não acreditar que tal possa acontecer, essa é uma preocupação que tem de estar em cima da mesa e daí a importância do Fundo Social para o Clima, que será uma das matérias votada pelo Parlamento Europeu, na próxima semana, no âmbito do Fit for 55.

"A minha expectativa é que seja aprovado um pacote ambicioso, em matéria de transição climática para uma economia 'verde' e, ao mesmo tempo, termos o financiamento necessário para que não sejam os mais vulneráveis, aqueles que são vítimas de pobreza energética, que sejam obrigados a pagar esta transição", vincou a eurodeputada portuguesa.

Desta forma, outras das propostas que será votada na próxima semana tem como objetivo que o segundo regime europeu de comércio de emissões (ETS II, na sigla inglesa) se aplique apenas ao comércio e não às famílias.

O Fit for 55 é uma parte do 'Green Deal' que compreende um conjunto de iniciativas legislativas que têm como objetivo promover a transição climática e alcançar uma economia neutra em carbono em 2050.

Neste âmbito, o Parlamento Europeu vai votar oito textos, na próxima semana, em Estrasburgo, França, dos quais Margarida Marques foi relatora de dois relatórios de opinião, um sobre o Mecanismo de Ajuste da Fronteira de Carbono (CBAM, na sigla inglesa) e outro sobre o Fundo Social para o Clima.

Durante o seminário para jornalistas sobre o Fit for 55, o presidente da Comissão de Ambiente no Parlamento Europeu, Pascal Canfin (Renew Europe), defendeu que "é socialmente inaceitável taxar emissões de carbono às famílias, edifícios e carros, porque é socialmente agressivo e corre-se o risco de perder o apoio social à transição energética".

Para a eurodeputada Sara Matthieu (Os Verdes/Aliança Livre Europeia), membro da Comissão de Emprego e Assuntos Sociais, o facto de o ETS II só abranger edifícios e transportes comerciais, que vão pagar taxas de carbono mais altas, "é uma questão de justiça social".

Já o eurodeputado Peter Liese (Partido Popular Europeu), membro da Comissão de Ambiente e relator sobre a revisão do ETS, vincou que o tema é controverso e defendeu que "o objetivo é descarbonizar, e não 'desindustrializar' a União Europeia".