Avanço russo em Lugansk obriga tropas de Kiev a retirar
O avanço das tropas russas em Severodonetsk, na região de Lugansk, forçou parte das forças ucranianas a retirarem, hoje, com queixas de chegada tardia e insuficiente de armas à frente de combates.
O Estado-Maior da Ucrânia afirmou, no seu relatório de guerra diário, que a Rússia teve "sucesso parcial" no ataque a Severodonetsk, onde "estabeleceu o controlo sobre a parte oriental da cidade".
O porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzyanyk, disse que a Rússia empregou "todo o seu potencial para chegar à fronteira da região de Lugansk".
Perante a pressão militar, "uma parte das tropas ucranianas retirou-se para posições mais vantajosas e previamente preparadas, enquanto outra parte continua a lutar dentro da cidade", disse hoje o governador da província, Sergui Gaidai.
Segundo Gaidai, a vizinha cidade de Lisichansk, que as tropas russas também querem cercar, está numa melhor posição estratégica, já que se encontra a uma altitude mais elevada.
"Estamos à espera das armas ocidentais e a preparar-nos para o desemprego!", lamentou o governador, numa crítica velada ao Ocidente.
"A tecnologia (armas) está a chegar, mas não nas quantidades que seriam desejáveis. E fornecer separadamente um ou dois mísseis para a frente de combate não faz sentido", explicou Gaidai, queixando-se da falta de armas pesadas.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha dito que o seu Governo vai centrar-se em conseguir "o fornecimento de armas pesadas e de artilharia moderna", alegando que são indispensáveis para "acelerar a vitória da Ucrânia".
Zelensky disse que, todos os dias, morrem entre 60 e 100 soldados e mais 500 pessoas ficam feridas, pelo que é urgente a chegada de mais armamento.
Hoje, o Presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que Washington enviará sistemas de mísseis mais avançados para a Ucrânia, para lançar ataques com maior precisão e alcance.
O novo carregamento de armas, que vinha a ser pedido por Zelensky desde o início da guerra, incluirá os chamados "Sistemas de 'Rockets' de Artilharia de Alta Mobilidade" (HIMARS), que permitirão ataques contra alvos localizados a uma distância de até a 80 quilómetros.
Contudo, Washington pediu a Kiev garantias de que este equipamento não será usado contra o território russo, o que, segundo o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, Kiev já assegurou.
A Rússia, no entanto, não acredita nas alegações dos EUA e de Zelensky de que o HIMARS não será usado contra o seu território.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, alertou para o risco de outros países se envolverem no conflito na Ucrânia devido ao fornecimento de lançadores de mísseis.
"É uma provocação direta destinada a envolver o Ocidente na ação militar", disse Lavrov, enquanto o seu vice, Serguei Riabkov, avisou os EUA sobre o aumento do risco de um confronto direto.
"Esses fornecimentos não geram na liderança ucraniana o desejo de retomar as negociações de paz. Acreditamos que os EUA estão a deitar achas para a fogueira. Com determinação e diligência, seguem a linha de combater a Rússia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Hoje, também, Zelensky admitiu que a situação no Donbass está "muito difícil", embora tenha afirmado que as forças ucranianas tiveram alguns sucessos militares na região de Zaporijia.
Também Gennady Laguta, governador da região de Kherson, garantiu hoje que os soldados ucranianos libertaram mais de 20 cidades na região de Dnipro, perto de Zaporijia.