Guterres pede "acções rápidas" para fim da crise alimentar e energética global
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu hoje em Estocolmo uma "ações rápidas e decisivas" para garantir "um fluxo constante de alimentos e energia", enquanto a guerra na Ucrânia desestabiliza os mercados globais de matérias-primas.
A guerra provocada pela Rússia, além de devastar a Ucrânia, "também alimenta uma crise global tridimensional, de alimentos, energia e finanças, que sobrecarrega povos, países e economias mais vulneráveis", disse Guterres numa conferência de imprensa em Estocolmo, na Suécia.
Guterres salientou a necessidade de "ações rápidas e decisivas que visem garantir um fluxo regular de alimentos e energia", como "o levantamento das restrições à exportação, a atribuição de excedentes às populações vulneráveis e a adoção de medidas contra o aumento dos preços dos alimentos, para acalmar a turbulência dos mercados".
Juntas, a Rússia e a Ucrânia respondem por cerca de 30% da produção mundial de trigo.
O temor de uma grande crise alimentar faz-se sentir particularmente em África, onde em muitos países uma população maioritariamente pobre é diretamente afetada pela subida dos preços - que os Estados não podem conter por falta de recursos financeiros - como no Corno de África, onde os habitantes estão ainda sujeitos a uma seca de grandes proporções.
Guterres expressou ainda esperança nas negociações com a Rússia e Ucrânia para resolver a crise alimentar global, embora tenha admitido que não há um acordo próximo.
"Acho que há progresso, mas ainda não chegamos a um acordo, são negociações especialmente complexas", acrescentou, reconhecendo que ainda não há "resultados".
Guterres criou duas equipas de trabalho há algumas semanas para negociar um amplo acordo sobre segurança alimentar que inclui a Ucrânia e a Rússia.
O secretário-geral da ONU participará na quinta-feira, em Estocolmo, na abertura da conferência Estocolmo+50, que comemora meio século do evento realizado na capital sueca, onde teve origem o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
"Esta guerra mostrou o quão frágil é o mundo e a sua dependência de combustíveis fósseis. É hora de aprender a lição e assumir um compromisso claro de investimento maciço em energias renováveis. A dependência de combustíveis fósseis é suicídio", disse Guterres.