A Guerra País

38 mil ucranianos já pediram a Portugal regime de protecção temporária

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Cerca de 38.000 ucranianos já pediram a Portugal o regime de proteção temporária, revelou hoje o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, que reiterou o total apoio à Ucrânia na forma como reage à agressão russa.

Tiago Antunes manifestou esse "total apoio" de Portugal, que disse estar patente tanto no plano da União Europeia (UE) como ao nível bilateral, durante uma reunião, em Lisboa, com o enviado especial do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e seu vice-chefe de gabinete, Igor Zhovkva.

"Portugal tem não só participado ativamente nas deliberações europeias como tem sido um ator na aprovação de todas estas dimensões de apoio, quer na aprovação de sanções mais fortes contra a Rússia, quer na concessão de ajudas e apoio à Ucrânia", afirmou o governante português.

Das várias formas de apoio, destacou "o acolhimento de refugiados ucranianos que têm fugido do conflito" e que são já "cerca de 38.000", o que mais do que duplica a comunidade ucraniana em Portugal, e outras concessões de apoio, médico, de proteção civil, humanitário, além do apoio financeiro anunciado pelo primeiro-ministro António Costa durante uma visita a Kiev, realizada em maio.

O enviado especial do Presidente ucraniano agradeceu a ajuda e a hospitalidade prestadas por Portugal ao seu país e a todos os refugiados, assegurando que "tanto o governo, como o Presidente e o povo ucraniano sentem" que os portugueses estão do seu lado.

Pediu, contudo, outros apoios, defendendo que o último pacote de sanções (o sexto) aprovado pelo Conselho Europeu para ser aplicado à Rússia, que veta a compra de petróleo com algumas exceções, é "definitivamente insuficiente" e insistindo que cada euro que a Rússia recebe é aplicado em material militar.

"O tempo está a esgotar-se no campo de batalha", alertou o enviado especial, para frisar a necessidade de mais apoio militar, reforçando que as tropas russas estão a intensificar os ataques na região do Donbass (leste ucraniano).

Igor Zhovkva acrescentou que a possibilidade de a Ucrânia reatar as negociações com a Rússia não está em cima da mesa até se debater o cessar-fogo e a retirada das tropas russas do país.

"No início do conflito, a Rússia nem sequer ouviu a posição da Ucrânia em termos de negociações, impondo apenas ultimatos. Agora não há nada para falar com qualquer oficial ou membro da delegação russa", garantiu.

Esta visita a Lisboa acontece na sequência da ida do primeiro-ministro português, António Costa, a Kiev, no passado dia 21 de maio, que Zhovkva descreveu como um encontro "bem-sucedido" e com "resultados positivos".

O enviado especial do Presidente ucraniano insistiu também, em Lisboa, que a Ucrânia não aceitará qualquer outro compromisso por parte de Bruxelas que não o do estatuto de candidato à adesão à União Europeia, e que conta com essa resposta já em junho.