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Centenas de mulheres manifestam-se contra julgamento de associação feminista

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Foto: Reuters

Centenas de mulheres manifestaram-se hoje em frente a um tribunal em Istambul antes da abertura de um julgamento que pode resultar na dissolução de uma destacada associação de defesa dos direitos das mulheres, constatou uma jornalista da AFP.

"Nunca estarás sozinha!", "Vamos acabar com os feminicídios!", gritavam as manifestantes, agitando bandeiras roxas, a cor do movimento feminista na Turquia.

Em abril, um procurador de Istambul decidiu processar a associação We Will Stop Feminicide (Vamos acabar com o feminicídio) e solicitar a sua dissolução por "atividades contra a lei e a moral".

Nursel Inal, uma das responsáveis pela associação, declarou ser político o julgamento, cuja primeira audiência começou na manhã de hoje, em Istambul.

"Existe um movimento de mulheres muito organizado na Turquia e acreditamos que este julgamento é um ataque à luta das mulheres pelos seus direitos", disse Nursel Inal à agência France Presse, diante do tribunal.

Na origem do julgamento estão queixas apresentadas por indivíduos que acusam membros da associação de "destruir a família sob o pretexto de defender os direitos das mulheres".

A organização publica regularmente relatórios sobre os assassínios de mulheres no país.

A associação também organizou diversas manifestações pela manutenção da Turquia na Convenção de Istambul, tratado internacional que estabelece o quadro legal e institucional para o combate à violência de género, da qual o país se retirou em 2021.

O Governo turco justificou a sua decisão de abandonar o tratado por este incentivar a homossexualidade e ameaçar a estrutura familiar tradicional.

Segundo a plataforma, 160 mulheres foram mortas nos primeiros seis meses de 2022 na Turquia, a maioria delas por familiares. O número de vítimas de feminicídio no ano passado foi de 423.

"Estamos sob pressão do Governo porque tornamos cada feminicídio visível, publicando os nomes das mulheres mortas uma a uma", sublinhou Inal.

"Os nossos relatórios contradizem a afirmação do Governo de que o número de feminicídios caiu", sublinhou a responsável da organização.