A Mulher, o Homem e a vassoura
Segundo o último estudo da OIT- Organização Internacional do Trabalho, lançado em Março e que traça um retrato, actualizado, das assimetrias entre mulheres e homens no mundo, em termos laborais, podemos verificar:
• As desigualdades entre géneros são uma realidade quase tão patente, como eram há vinte anos.
• Os homens portugueses ganham em média mais 22,1% do que as mulheres.
• A discrepância salarial em todo o mundo é, em média de 18,8%.
• Há apenas seis países no mundo, que garantem igualdade laboral. São eles a Bélgica, Dinamarca, França, Letónia, Luxemburgo e Suécia.
• A maternidade continua a constituir uma penalização para as mulheres.
• Apesar de estarem em desvantagem para chegarem a lugares de liderança, em relação aos homens, as mulheres alcançam esses cargos, muito mais rapidamente do que eles.
• Várias evidências mostram, que as empresas com uma representação mais equilibrada das mulheres nos seus órgãos de decisão, alcançam melhores resultados financeiros, em comparação àquelas com estruturas de liderança menos diversificadas.
Porquê é que isto acontece? Há várias explicações possíveis, desde a discriminação pura à possibilidade de as mulheres serem menos produtivas… Li algures esta afirmação e:
Pessoalmente, não estou de acordo com esta frase, muito menos com esta teoria.
Teríamos aqui “pano para mangas”, como se costuma dizer e não é essa a intenção deste escrito, muito menos fazer qualquer juízo de valor relativamente à questão.
O que me levou a abordar o assunto, é muito mais simples e passo a explicar:
Diariamente, nas minhas caminhadas a pé pela zona oeste da cidade, costumo encontrar dois trabalhadores da C.M.F., uma mulher e um homem a varrer na sua função e actividade quotidiana; até aqui nada de especial, mas, o que me tem chamado a atenção e “levado” a pensar e analisar o assunto, é a postura de cada um, relativamente ao desempenho e especialmente, o rendimento e produtividade conseguidos, em termos “de área varrida e limpeza obtida” (a actividade de um reformado, havendo criatividade, é um mundo de possibilidades…).
Comparando de forma, “mais técnica e abrangente”, e neste caso concreto, temos:
• A Mulher trata a vassoura com carinho e por “tu”, embora de forma firme e segura, varrendo com estilo e graciosidade e com um ritmo metódico e frenético; a vassoura confunde-se com o seu corpo ultrapassando, mesmo a sua altura. O rendimento obtido é excelente e a profissão sai enobrecida.
• O Homem maneja a vassoura à distância, tratando-a por “você”, quase com desdém, fazendo mesmo, alguma “cerimónia” com o objecto, que lhe é estranho. O ritmo de forma, paradoxal, é baixo e lento parecendo não querer estragá-la, manuseando-a como se fosse um “piassaba”: o compromisso é com o “ganha-pão”, o gosto profissional inexistente. O rendimento, por respeito ao seu esforço e trabalho, é, digamos, inferior.
Os meus pensamentos, são assaltados por algumas perguntas (ainda, se calhar por deformação profissional …)
- Qual a categoria e remuneração de cada um?
- Existe prémio de produtividade e desempenho?
- São promovidas acções de formação/motivação?
Ah! rapaz mete-te na tua vida…! Hoje, em linguagem “digital”, parece que se usa, “a tua vida não te chega?”
João Abel de Freitas