Duras medidas antiepidémicas da China "vão resistir ao teste do tempo"
O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai "vão resistir ao teste do tempo" e prometeu combater qualquer tentativa de "distorcer, questionar e desafiar" a política de 'zero covid'.
Xi presidiu na quinta-feira a uma reunião entre os sete membros do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.
O líder chinês disse que as autoridades e quadros do Partido Comunista devem permanecer firmes e não vacilar no combate à doença, de acordo com a imprensa estatal.
A China vai prevalecer na luta contra a covid-19 em Xangai, assim como o fez em Wuhan, assegurou Xi Jinping, noticiou a emissora estatal CCTV.
Wuhan, cidade situada no centro da China, diagnosticou os primeiros casos do novo coronavírus no final de 2019. A cidade esteve sob quarentena de facto durante quase dois meses.
Os 25 milhões de habitantes de Xangai estão confinados há mais de um mês, face ao mais grave surto no país desde então.
Em Pequim, as autoridades encerraram negócios e estações de metro, disseram às pessoas para trabalharem a partir de casa e ordenaram testes em massa em toda a cidade.
A China é um dos poucos países a manter a política de tolerância zero à doença, numa altura em que o vírus se tornou endémico na maior parte do mundo.
O país reage com medidas implacáveis contra surtos do novo coronavírus, isolando cidades ou bairros inteiros, apesar dos crescentes custos económicos e sociais.
Embora esta política tenha ajudado a China a extinguir praticamente a doença no seu território, nos últimos dois anos, a altamente contagiante variante Ómicron está a pôr em causa a eficácia das medidas de confinamento.
"Devemos ser firmes em superar pensamentos de indiferença e pensamentos hipócritas e subestimar a epidemia", lê-se num comunicado divulgado depois do fim da reunião.
"Devemos manter a cabeça limpa e aderir inabalavelmente à política geral dinâmica de zero casos covid. Devemos lutar contra discursos e atos que distorcem, questionam ou rejeitam as diretrizes e políticas antiepidémicas do nosso país", acrescentou.
O comunicado apontou que ainda há muitos casos de covid-19 e que o vírus está em constante mutação, sugerindo que prevalecem "grandes incertezas" sobre como a pandemia se vai desenvolver.
"A China é um país com grande população e uma grande população envelhecida", destacou a mesma nota.
"Com um desenvolvimento regional desequilibrado e falta de recursos médicos, o relaxamento das medidas de controlo causariam um grande surto, muitos casos de doença grave e mortos. O desenvolvimento socioeconómico e a saúde e a segurança das pessoas seriam gravemente afetadas", assinalou.
A liderança da China disse repetidamente que vai manter a sua política em relação à doença, mas a reunião de quinta-feira foi a primeira que abordou o surto de Xangai.
Os líderes chineses também desejam manter a covid-19 sob controle na preparação para o XX Congresso do Partido Comunista, no final deste ano.
Trata-se do mais importante evento da agenda política chinesa e que deve servir este ano para garantir um terceiro mandato a Xi Jinping, quebrando com a tradição política das últimas décadas.
O bloqueio de Xangai provocou protestos públicos, face à escassez de alimentos e dificuldades em obter tratamento médico.
Quase 600.000 pessoas testaram positivo para a covid-19, desde março, e cerca de 19 milhões continuam fechadas em casa. No entanto, o número de novos casos diários começou a cair nas últimas duas semanas.
O comunicado do Politburo disse que a "grande batalha defensiva de Xangai" obteve já "resultados".
De acordo com dados divulgados na quinta-feira pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde o início da pandemia morreram entre 13 a 17 milhões de pessoas de forma direta ou indiretamente relacionada com a covid-19.
Já os valores avançados pela Universidade norte-americana Johns Hopkins apontam para 6,2 milhões de mortes causadas pelo novo coronavírus até ao momento.
A covid-19 causou 6,2 milhões de mortes desde o início da pandemia, em 2020.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.