Economia dos Açores com nota positiva mas "claramente inferior" à nacional
O ano de 2021 foi "positivo" para a economia dos Açores, mas a prestação da região foi "claramente inferior" à nacional, revela um estudo de Bruxelas sobre o impacto da pandemia de covid-19 nas regiões ultraperiféricas (RUP).
De acordo com o documento, consultado hoje pela Agência Lusa, "embora o desempenho económico dos Açores seja claramente inferior ao da média nacional e a atividade económica de Portugal continental tenha sofrido uma contração mais acentuada do que a dos Açores, em março e abril de 2020, também melhorou mais rapidamente".
O estudo integra a nova comunicação da Comissão Europeia (CE) para as RUP, divulgada terça-feira, em Bruxelas.
O documento mostra, "também, a clara diferença de desempenho entre a região e a média nacional, em 2021, com os Açores a ficarem atrás em termos de atividade económica".
O executivo comunitário recomenda como "políticas de recuperação e resiliência, a curto e médio prazo" que se melhore o ambiente empresarial e a eficiência da Administração Pública através da digitalização e que se promova os Açores como local atrativo para o trabalho remoto e estadias de longa duração.
Deve ainda desenvolver-se a oferta ecoturística regional, apoiar o setor leiteiro para melhorar o seu potencial e diversificar as pescas de forma sustentável.
De acordo com os dados disponíveis, o PIB per capita da região era 88% do valor médio de Portugal continental em 2019, mas a economia "tem tido uma trajetória positiva e consistente de crescimento, com um incremento gradual entre 2015 e 2019".
Segundo a CE, este incremento é, "em grande, parte impulsionado pela expansão dos voos de baixo custo para as ilhas, o que tem estimulado a atividade turística".
A Comissão destaca que, apesar da contenção das infeções pela covid-19 ter sido "amplamente considerada como bem-sucedida" nos Açores, a economia regional "sofreu um impacto significativo após a primeira fase de medidas de contenção e mitigação do coronavírus, em março de 2020".
Os valores oficiais ou estimativas do PIB para 2020 "estão pendentes", segundo o documento do executivo comunitário.
Os dados do indicador de atividade económica do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA) e do Instituto Nacional de Estatística (INE) "mostram que entre abril e junho de 2020, a atividade económica, em comparação com o mês homólogo do ano anterior, diminuiu mensalmente em termos percentuais de forma mais significativa".
A CE refere que, para além do impacto na atividade económica, a crise "provocou um aumento da despesa pública local e uma perda imediata de receitas fiscais".
"Em termos de receita fiscal, segundo a SREA, em 2020 "houve uma queda de 3,8% em relação a 2019, dado que houve um aumento de 7,7% nos impostos diretos, mas uma queda de 8,8% nos impostos indiretos".
No segundo trimestre de 2020, nas fases iniciais da pandemia, as importações para os Açores "aumentaram 33% relativamente ao segundo trimestre de 2019, provavelmente devido à importação de dispositivos médicos e de equipamentos de proteção individual".
"Posteriormente, tanto as importações como as exportações contraíram [...]. No terceiro trimestre de 2020, as importações foram 11,1% inferiores às do mesmo período em 2019", salvaguarda o documento.
Os dados do primeiro trimestre de 2021 "mostram uma tendência positiva, já que as importações voltaram ao seu nível pré-pandémico, superando em 3,7% o valor do primeiro trimestre de 2019".
As exportações dos Açores representavam, no primeiro trimestre de 2019, 27 milhões de euros, sendo este valor de 28 milhões no primeiro trimestre de 2021.