Rússia mantém cerco a Mariupol sem lançar ofensiva à fábrica Azovstal
O Kremlin desmentiu hoje informações sobre uma eventual nova ofensiva das forças russas contra a fábrica Azovstal, na cidade ucraniana de Mariupol, último reduto dos combatentes armados no sul da Ucrânia.
"A ordem foi comunicada (a 21 de abril) publicamente pelo comandante em chefe (Vladimir Putin) anulando todos os assaltos (militares). Não há nenhum assalto" atualmente, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O porta-voz da Presidência russa acrescentou que as forças de Moscovo que cercaram as instalações da fábrica só atuam "no sentido de, rapidamente, pararem as tentativas" de posicionamento de tiro por parte dos combatentes ucranianos.
Na terça-feira, as autoridades ucranianas afirmaram que as forças russas lançaram "um poderoso assalto" com carros de combate e infantaria contra a fábrica com mais de 11 quilómetros quadrados de extensão.
Os subterrâneos das instalações da fábrica protegem combatentes ucranianos, forças regulares de Kiev e civis da cidade portuária de Mariupol.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou "apenas" ataques de aviação de combate e artilharia de campanha para a "destruição das posições de tiro" ucranianas.
A Rússia que lançou a invasão da Ucrânia no passado dia 24 de fevereiro controla uma grande parte da cidade de Mariupol.
Após várias semanas de cerco, a cidade está parcialmente devastada sendo que os últimos defensores da cidade se mantêm nos subterrâneos da antiga unidade metalúrgica difícil de destruir pela aviação.
Na terça-feira, as Nações Unidas anunciaram a retirada de uma centena de civis de Mariupol.
Vladimir Putin proclamou a vitória na batalha de Mariupol no dia 21 de abril apesar da permanência da resistência ucraniana concentrada na zona da fábrica.
Na altura, Putin considerou que uma operação contra a Azovstal poderia ter um custo muito elevado entre as forças russas ordenando um cerco ao local para que "nem uma 'mosca'" pudesse passar o perímetro.
As forças ucranianas recusaram render-se.
Por outro lado, o Kremlin negou hoje, de forma categórica, que a Rússia pretenda decretar a mobilização geral na próxima segunda-feira (09 de maio), dia em que o regime russo assinala com as tradicionais marchas militares a capitulação da Alemanha nazi, em 1945.
"É um disparate", disse o porta-voz do Kremlin quando questionado - na conferência de imprensa de hoje em Moscovo - sobre notícias que apontam que Vladimir Putin vai aproveitar a efeméride para declarar guerra à Ucrânia.
Peskov negou também as informações que considerou "disparates" e que se referem à mobilização geral na Rússia face aos reveses da "operação militar especial" (termo oficial usado por Moscovo para se referir à invasão da Ucrânia) em curso.
Sobre eventuais negociações com a Ucrânia, Peskov afirmou que os contactos vão ser "difíceis", indicando que "a dinâmica" pode ser precisamente ao contrário.
"Temos constatado uma falta de constância da parte ucraniana, aos mais variados níveis. Mudam de posição todos os dias", disse Peskov.