Humans Rights Watch acusa FIFA de insultar trabalhadores migrantes
A organização Human Rights Watch (HRW) considerou hoje que o presidente da FIFA insultou os migrantes envolvidos na construção de instalações para o Mundial de futebol Qatar2022 ao desvalorizar as mortes ocorridas em acidentes de trabalho.
Numa carta divulgada hoje, a diretora de iniciativas globais da HRW, Minky Worden, refere que Gianni Infantino "minimizou de forma surpreendente as mortes e as dificuldades dos trabalhadores migrantes no Qatar, onde, literalmente, construíram o Mundial FIFA2022".
A Organização Não-Governamental (ONG) entende que "é preciso mostrar ao mundo que as mortes e os abusos sobre os trabalhadores migrantes no Qatar são uma mancha histórica que precisa de ser reparada, antes que a bola comece a rolar" na competição, que decorrerá no Qatar, entre 21 de Novembro e 18 de Dezembro.
Na terça-feira, Gianni Infantino, desvalorizou as mortes ocorridas na construção dos estádios para o Mundial2022, preferindo elogiar o "orgulho" e "dignidade" dados aos trabalhadores neste projeto.
"Quando se dá um emprego a alguém, mesmo que as condições sejam duras, damos dignidade e orgulho. Não é caridade", disse o dirigente, durante a conferência mundial do Milken Institute, em Los Angeles.
Infantino respondeu desta forma quando foi questionado sobre se a FIFA iria usar os seus lucros para ajudar as famílias dos muitos migrantes que morreram nos últimos anos a construir os estádios, em condições de trabalho muito precárias denunciadas amiúde pelos media e organizações internacionais.
"Seis mil trabalhadores podem estar a morrer noutros lugares [...]. A FIFA não está aqui para ser a polícia do mundo nem é responsável por tudo o que acontece, mas graças a si e ao futebol, contribuiu para uma mudança social positiva no Qatar", destacou.
O italo-suíço defendeu que "morreram três pessoas" nessas circunstâncias, contudo o jornal The Guardian apresentou recentemente outros números, mais concretamente 6.500.
O Qatar tem rejeitado os balanços de organizações independentes internacionais, assegurando que tem feito mais pelos migrantes do que qualquer outro país da região.
Segundo dados da Amnistia Internacional (AI), desde 2015, morreram 35 pessoas em projetos do Mundial, mas existe um número indeterminado de mortes ocorridas em outras construções relacionadas com a competição.
Entre 2010 e 2019, mais de 15.000 trabalhadores estrangeiros morreram no Qatar, tendo a maioria dos óbitos sido atribuída a problemas cardiovasculares.
O Mundial de futebol, no qual marcará presença a seleção portuguesa, disputa-se entre 21 de novembro a 18 de dezembro.