Medidas para reforçar rendimentos aquém do necessário
O bastonário a Ordem dos Economistas, António Mendonça, considerou hoje que as medidas do Orçamento do Estado que visam reforçar os rendimentos e, consequentemente a procura, vão no sentido de ajudar, mas ficam aquém do que seria necessário.
Acentuando que "um dos riscos atuais" que a economia enfrenta é a "queda generalizada da procura", o bastonário da Ordem dos Economistas referiu que, nesta conjuntura, os governos "têm de preocupar-se com o lado da oferta e ajudas às empresas, mas não podem descurar o lado da procura".
António Mendonça, que falava numa conferência sobre o Orçamento o Estado para 2022 (OE2022) promovida pelo Jornal Económico e a consultora EY, em Lisboa, referiu que medidas como o desdobramento dos escalões do IRS ou o aumento das deduções para as famílias com filhos "vão no sentido de ajudar" no reforço de rendimentos, mas afirmou recear que "fiquem aquém do que seria necessário".
Para o bastonário da Ordem dos Economistas, as medias propostas no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), cuja votação final global está prevista para 27 de maio, são "relevantes", mas insuficientes, para fazer face à ameaça de uma recessão e perante o atual contexto de subida da inflação.
António Mendonça disse ainda que, além das medidas e preocupações mais direcionadas para os que têm menores rendimentos, é igualmente importante "olhar para a perda de dinamismo da classe média", considerando que a redução da carga fiscal deveria ser mais efetiva a este nível.
Sobre a política de rendimentos, disse ser necessário ajustar a ideia de que a subida dos salários põe em causa a competitividade das empresas e que os principais riscos estão mais na criação de condições que possam levar a uma recessão do que numa espiral inflacionista.
A conferência, que está a decorrer em Lisboa, será encerrada pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes.