Eurodeputados apoiam mais sanções à Rússia mas alertam para consequências na UE
Os eurodeputados congratularam-se hoje, em Estrasburgo, com o novo pacote de sanções contra a Rússia proposto pela Comissão Europeia, mas alertaram para as consequências socioeconómicas na União Europeia (UE).
Em debate no Parlamento Europeu, acerca das consequências sociais e económicas da guerra para a UE, o eurodeputado Pedro Marques (PS), membro do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D), afirmou que as sanções são um preço que os europeus estão "dispostos a suportar em nome da paz e da liberdade", sublinhando a importância de uma resposta unida da parte da UE, sobretudo face às "contrassanções russas".
"A nossa capacidade de união também depende da capacidade de gerir as consequências sociais e económicas aqui na Europa", alertou.
Também a eurodeputada Margarida Marques (PS; S&D) pediu à Comissão Europeia que proponha "a criação de um programa e financiamento respetivo para a transição e autonomia energética, mas também que compense o aumento dos custos da energia para empresas e pessoas", salvaguardando que "as novas prioridades não podem secundarizar os objetivos europeus na transição climática e na transição digital".
Já a eurodeputada Lídia Pereira (PSD), do Partido Popular Europeu (PPE), considerou que a UE não se deve ficar "por discursos bonitos, mas atuar o mais rápido possível", perspetivando a imposição de reparações de guerra à Rússia pelas suas ações na Ucrânia.
A eurodeputada do PSD pediu um plano de recuperação para a infraestrutura e economia ucranianas que mostre como a UE "não pode estar dividida, face a autocracias e à chantagem de autocratas", finalizando com a expressão "viva a Europa, viva a liberdade".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs hoje a proibição das importações europeias de petróleo à Rússia, a concretizar gradualmente até final do ano devido à dependência de alguns países, na sequência da guerra na Ucrânia.
"No último pacote de sanções, começámos com o carvão, agora estamos a abordar a nossa dependência do petróleo russo. Sejamos claros, não vai ser fácil [pois] alguns Estados-membros são fortemente dependentes do petróleo russo, mas temos simplesmente de trabalhar nesse sentido e propomos agora uma proibição do petróleo russo", declarou Ursula von der Leyen.
Intervindo na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, a líder do executivo comunitário anunciou assim um sexto e novo pacote de sanções contra Moscovo devido à invasão da Ucrânia, no final de fevereiro passado, após a Comissão Europeia ter abrangido, no anterior conjunto de medidas restritivas, a proibição de importação de carvão.
Após o anúncio, o grupo parlamentar Renew, representado por Luis Garicano, mostrou-se "muito feliz por ver este embargo do petróleo", referindo que já tinha requisitado "um embargo total do gás e petróleo russos" e um aumento das tarifas aduaneiras à Rússia.
Já Sara Matthieu, eurodeputada dos Verdes/Aliança Livre Europeia, reafirmou também a defesa de um embargo energético total, requisitando uma "forte resposta social" que contrarie a desigualdade e o desemprego crescentes, assegurando a proteção dos mais vulneráveis sem esquecer "a transição climática".
Por seu turno, o eurodeputado Jordan Bardella, da bancada Identidade&Democracia (ID), destacou a subida "dos preços dos produtos alimentares e agrícolas", defendendo a aposta na energia nuclear como exemplo de "medidas de urgência", já que os europeus estão a perder "poder de compra enquanto a Rússia enriquece".
Nas visão do eurodeputado Martin Schirdewan (A Esquerda -- GUE/NGL), a quem as sanções "não parecem suficientes", a especulação bolsista "fez com que haja uma explosão dos preços da energia", aumentando a inflação e a pobreza, sendo necessário um "imposto adicional sobre as empresas de energia e armamento, que aumentaram em 125% os seus lucros e para as farmacêuticas e a 'big tech' [gigantes tecnológicas] que ganharam milhares de milhões" nos anos anteriores, bem como a redução da dependência dos combustíveis fósseis "de onde quer que venham".
Por fim, o representante dos não-inscritos, Márton Gyöngyösi, qualificou a Rússia como um "parceiro inconfiável" e exortou à sua exclusão de todas as áreas energéticas, incluindo o nuclear, lamentando ter sido preciso "um desastre para que se tenham começado discussões sobre um mercado unificado de energia".
A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás europeias.
A Rússia também fornece 25% do petróleo e 45% do carvão importado pela UE.