UE vai "aumentar consideravelmente" apoio militar à Moldova
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, garantiu hoje durante uma visita à Moldova que a União Europeia (UE) vai "aumentar consideravelmente" o seu apoio militar a este país, particularmente ameaçado no quadro da agressão russa à Ucrânia.
Numa conferência de imprensa conjunta com a Presidente da Moldova, Maia Sandu, em Chisinau, Charles Michel sublinhou que "este é um momento determinante para a Moldova e para a Europa", reiterou que "a UE está em total solidariedade com a Moldova" e defendeu que a União tem "o dever de ajudar" o país, designadamente através do aumento do apoio à sua "estabilidade, segurança, integridade territorial e soberania".
"No ano passado, anunciámos um apoio de 7 milhões de euros para equipamento, ao abrigo do mecanismo europeu de apoio à paz, e este ano planeamos aumentar significativamente o nosso apoio à Moldova, fornecendo às suas forças armadas equipamento militar adicional", anunciou o presidente do Conselho Europeu.
Apontando que as consequências da agressão russa em curso na Ucrânia "não param nas fronteiras" ucranianas e que "a Moldova tem sido fortemente atingida" pelo conflito, o dirigente belga destacou "os esforços incansáveis" deste país no acolhimento de refugiados, tendo já recebido cerca de 100 mil pessoas que fogem da guerra, "o maior número per capita de todos os países que recebem refugiados".
Dando conta do apoio financeiro que a UE já prestou à Moldova, a nível humanitário mas também em matéria energética, Charles Michel assegurou que a assistência financeira vai prosseguir e também noutras áreas, como na luta contra a desinformação e ciberataques.
"Vamos continuar a aprofundar a nossa parceria convosco para vos aproximar ainda mais da União Europeia", disse, dirigindo-se à Presidente da Moldova.
A Moldova, uma pequena antiga república soviética com cerca de 2,5 milhões de habitantes, localizada entre a Ucrânia e a Roménia, receia ser desestabilizada pela invasão russa da Ucrânia, tendo as tensões aumentado quando, na passada semana, se registaram várias explosões na região moldova separatista pró-russa da Transnístria.
As autoridades russas classificaram os incidentes "como atos terroristas que visam desestabilizar a situação", mas Kiev alega tratar-se de uma operação de "falsa bandeira" por parte da Rússia, com o objetivo de responsabilizar a Ucrânia pelos ataques, no contexto da ofensiva militar russa em curso no território ucraniano.
A Transnístria, território de apenas meio milhão de habitantes, a maioria eslavos, cortou relações com a Moldova após um conflito armado (1992-1993), no qual contou com ajuda russa.
Desde o fim desse conflito, que custou a vida de centenas de pessoas, a Moldova defendeu a integração dos dois territórios divididos pelo rio Dniester, uma condição que os separatistas sempre recusaram.
No âmbito do Acordo para a Solução Pacífica do conflito da Transnístria, assinado em julho de 1992, a Rússia estacionou 2.400 soldados para garantir a paz na região, mas esse contingente foi reduzido ao longo dos anos.
Na conferência de imprensa de hoje, a chefe de Estado moldova disse não ver "um risco iminente" de agravamento das tensões, mas garantiu que há planos preparados para fazer face aos "cenários mais pessimistas".