O massacre das crianças assassinadas nos EUA
O mundo foi abalado por uma notícia aterradora. Mais uma vez, nos EUA, aconteceu um massacre numa escola, desta vez em Uvalde, em que foram assassinadas 19 crianças e dois professores por um atirador de 18 anos, que tinha adquirido as armas de forma legal.
Já onze dias antes deste assassinato em massa, outro ataque racista deixou 10 mortes num supermercado em Buffalo.
Nas contas do Washington Post, desde o massacre de Columbine em 1999, 311 mil crianças em 331 escolas foram expostas a situações de tiroteios que mataram 185 alunos, professores e funcionários, e feriram outras 369 pessoas.
O autor do massacre em Uvalde foi morto no local e identificado como sendo Salvador Ramos, de 18 anos. Os colegas descrevem-no como uma pessoa difícil de fazer amigos. No entanto, o que foi divulgado sobre ele é que, devido a gaguez, sofreu bullying desde a sua tenra infância. Faltava muito às aulas. Era adepto de jogos de vídeo de atiradores. Tinha problemas com a mãe e passava mais tempo com a avó, que foi a primeira pessoa a ser alvejada com um tiro na cabeça, no dia do massacre, antes de se dirigir à escola, tendo escapado com vida. Também foi confirmado que ele comprou as armas no dia que fez 18 anos, que é a idade legal para adquirir armas nos EUA.
Na véspera deste massacre, o FBI divulgou que os dados de 2021 mostraram que houve um aumento da mortalidade por assassinato com armas, e que morreram 103 pessoas e outras 130 ficaram feridas em ataques protagonizados por atiradores com intenção clara de matar pessoas, em movimento. Confirmou, também, que a esmagadora maioria das armas são compradas legalmente.
O Presidente dos EUA aponta o dedo aos fabricantes de armas e apela ao congresso para aprovar legislação, restritiva. No entanto, o partido Republicano recusa sempre qualquer alteração e, assim, a venda das armas nos EUA continua a ser legal, para gaudio do lóbi muito poderoso, apoiado por Donald Trump e anteriores Presidentes Republicanos, que são todos responsáveis pelos massacres e pelas mortes traiçoeiras de tantas crianças e adultos.
Para maior vergonha e escândalo, enquanto no fim-de-semana familiares e amigos ainda choravam os seus mortos, estes responsáveis pelos assassinatos fizeram uma festa das armas de fogo, a que chamaram a festa da família e da liberdade.
O mais incrível é que todos se dizem indignados com o que se passou, mas enquanto uns choram outros gozam à vontade a sua liberdade de matar quando quiserem.
Hoje que se comemora o Dia Internacional da Criança e os seus direitos, sendo o primeiro o direito à vida com qualidade, temos que refletir para onde caminha este mundo. São as crianças que morrem em todas as guerras, desde sempre, mas agora temos o exemplo que nos entra todos os dias nas nossas casas, como é o caso da Ucrânia. São as crianças as vítimas da pedofilia, até daqueles que as deviam proteger mais como familiares e as entidades religiosas. São também vítimas de violência doméstica, de bullying, etc., etc…
Vivemos tempos difíceis, mas não podemos calar o que se passa em países que se armam em defensores dos Direitos Humanos, mas deixam matar indiscriminadamente crianças e adultos só porque os lóbis das armas são mais poderosos que o poder político. É preciso lembrar que são os povos que elegem os seus políticos…