Refugiados na Madeira com dificuldades de integração no mercado de trabalho
Os cidadãos ucranianos que se refugiaram na Madeira devido à invasão da Ucrânia pela Rússia estão com dificuldades de integração no mercado de trabalho, reconheceu hoje a secretária regional da Inclusão Social e Cidadania.
"Neste momento, não tem sido tão fácil a inserção profissional das pessoas com origem na Ucrânia, contrariamente ao que inicialmente tínhamos previsto", afirmou Rita Andrade, justificando que os primeiros ucranianos que ficaram na Madeira eram turistas e "falavam muito bem línguas", enquanto muitos dos que foram, entretanto, chegando à região não dominam o inglês nem o português.
Além disso, a grande maioria dos refugiados na Madeira são mulheres com crianças, que não têm estrutura familiar e, por isso, apresentam maiores dificuldades de inserção no mercado de trabalho, acrescentou a governante, que falava à margem de uma sessão de assinatura de contratos de criação de novas empresas, no âmbito de um programa promovido pelo Instituto de Emprego.
Sendo a hotelaria o sector que necessita de mais mão de obra, é necessário "ver quais é que destas pessoas falam línguas para poderem estar num setor como este e depois que retaguarda e apoio familiar é que têm para poderem ter determinados horários", referiu.
"Estamos a tentar fazer pelo melhor. O primeiro passo que demos foi a língua portuguesa, que é a maior barreira, e isso está a correr muito bem. São pessoas que aprendem muito rapidamente, já chegámos a mais de 100 pessoas ucranianas para falar a língua portuguesa", salientou a secretária regional da Inclusão Social e Cidadania.
De acordo com Rita Andrade, já chegaram à região 420 pessoas refugiadas da guerra na Ucrânia, "na sua esmagadora maioria mulheres, alguns idosos e muitas crianças".
Relativamente ao número de ucranianos inseridos no mercado de trabalho, a governante disse ter conhecimento formal de cerca de 30.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo as Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.