Operação Nariz Vermelho estreia musical e exposição para comemorar vinte anos
A associação Operação Nariz Vermelho (ONV) apresenta na próxima quarta-feira, no Hospital D. Estefânia, em Lisboa, um musical e uma exposição sobre os doutores palhaços que alegram há vinte anos crianças hospitalizadas.
Segundo informação da organização fornecida à Lusa, "Compasso de Palhaço -- Pequena Sinfonia das Horas Vagas" é o nome do espetáculo musical que vai ser exibido nos hospitais parceiros da ONV ao longo dos próximos meses, encerrando a digressão com uma última apresentação no Centro Cultural de Belém, em outubro, aberta ao público em geral.
A Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que desde 2002 organiza anualmente cerca de 53 mil encontros de palhaços profissionais nos serviços pediátricos de 17 hospitais portugueses, celebra na quarta-feira, Dia da Criança o seu 20.º aniversário e decidiu comemorar junto da comunidade hospitalar, dando aos profissionais de saúde, bem como às suas famílias, a oportunidade de conhecerem melhor os artistas de nariz vermelho que animam os hospitais.
"Chegada a hora de pensar num espetáculo que celebrasse estas duas décadas de História, surgiu a ideia de responder a algumas questões que as crianças foram fazendo aos doutores palhaços ao longo do tempo: o que é que eles fazem em casa? Também comem e tomam banho? E o que comem? E onde dormem? Será que fazem o que qualquer pessoa faz, ou até as suas horas vagas são preenchidas com momentos extraordinários, como aqueles que criam junto das crianças? Foi este o conceito que quisemos trazer para o espetáculo, mostrar ao público 24 horas na vida de um doutor palhaço", explicou o diretor artístico da ONV e responsável pelo musical, Fernando Escrich.
Entre os nove artistas, com formação especializada em meio hospitalar, que vão entrar em cena, encontram-se também Marta de Carvalho e Filipa Mendes ou, como são conhecidas no hospital, a Superdoutora Gingação e a Doutora Aurora Benvinda.
"Este não é o mesmo palhaço que encontramos no circo, que tem de ter gestos grandes, maquilhagens grandes, roupas enormes, para que toda a gente o possa ver", comentou a artista Marta de Carvalho à Lusa. "Nós não somos o palhaço que pode fazer rir, mas sim aquele que pode fazer só sorrir ou só ser visto e nada mais".
Há seis anos a trabalhar com a ONV, Filipa Mendes acrescentou que a magia de ser a Doutora Aurora Benvinda é transformar o ambiente hospitalar em algo melhor. "É como se eu tivesse uma frequência na rádio e de repente aquela criança liga-se à mesma frequência e cria-se uma interação, um jogo, e eu vou para casa contente, porque brinquei", descreveu.
Durante a fase mais aguda da pandemia de covid-19, os doutores palhaços ficaram impossibilitados de entrar dentro dos hospitais e apenas contactavam com as crianças à distância, por videochamadas ou vídeos publicados na página do Youtube da IPSS.
"Era incrível ver a reação das crianças. Não era a mesma coisa que estar ali, mas era como se estivéssemos", contou Marta de Carvalho.
Apesar dos constrangimentos, as artistas afirmam que sentiram que a importância da missão do doutor palhaço continuou a ser reconhecida, não só pelas crianças hospitalizadas, mas por toda a comunidade médica.
"Para nós foi ótimo voltar a perceber que realmente somos uma mais-valia dentro dos hospitais. Nós víamos profissionais pelo 'tablet' a expressar realmente saudades e vontade de nos voltarem a ver", comentou Filipa Mendes.
Já a exposição "Da ponta do Nariz ao Sorriso de uma criança", que também será apresentada pelos hospitais parceiros da ONV, dará a conhecer um pouco da história da fundação e convida os visitantes a brincar com ela, compondo de raiz um doutor palhaço.