País

Portugal entre os 8 países em situação muito boa para a liberdade de imprensa

None
Foto Shutterstock

Portugal ficou em sétimo lugar e no grupo de oito países com uma situação muito boa para a liberdade de imprensa, segundo a 20.ª edição do 'ranking' mundial da liberdade de imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), publicada hoje.

De acordo com o 'ranking' mundial, publicado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, Portugal, com uma pontuação de 87,07 pontos, subiu duas posições face a 2021.

À frente de Portugal no grupo de oito países numa situação muito boa para a liberdade de imprensa ficaram, por ordem decrescente, a Noruega (com 92,65 pontos), Dinamarca (90,27 pontos), Suécia, Estónia, Finlândia e Irlanda.

A Colômbia ficou em oitavo lugar, depois de Portugal, mas no grupo de oito países com uma situação muito boa.

A comparação com os países numa situação bastante boa (40 países) ou muito boa (oito países) mostra o desequilíbrio a nível global, precisa a RSF.

Na Europa, Noruega, Dinamarca e Suécia permanecem no topo da lista como um modelo democrático onde a liberdade de expressão prevalece e, embora haja melhorias na Moldova e na Bulgária, os RSF observaram uma polarização dos meios de comunicação social nos Estados Unidos, em França e na Polónia.

A Holanda desceu 22 posições, para 28.º lugar, na sequência do homicídio, em julho passado, do investigador do crime organizado Peter R. de Vries, baleado numa rua de Amesterdão, lembrou a RSF, que está cada vez mais preocupada com os assassínios de jornalistas na UE.

Em países, como Alemanha, França, Itália e Holanda foram também noticiados numerosos ataques a jornalistas por parte de manifestantes contra medidas governamentais anticovid-19.

Em Espanha, no 32.º lugar neste relatório, a liberdade de imprensa é considerada "mais ou menos boa", embora tenha caído três lugares em relação ao relatório anterior.

Os Repórteres sem Fronteiras (RSF) alertaram, num relatório hoje publicado, para os riscos de um espaço digital desregulamentado, com destaque para os efeitos desastrosos do caos da informação e desinformação espalhados pela internet.

Na 20.ª edição do 'ranking' mundial da liberdade de imprensa, publicado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a organização não-governamental (ONG) internacional, sediada em Paris, avalia a prática do jornalismo em 180 países.

Os RSF apontaram para o desenvolvimento de meios de opinião, que imitam o modelo da rede norte-americana Fox News, e para a banalização dos circuitos de desinformação.

Estas práticas, "ampliadas pelo funcionamento das redes sociais", estão a conduzir ao crescimento da opinião pública fraturada e dividida, de acordo com o relatório.

"A invasão da Ucrânia [país classificado em 106.º lugar do índice] pela Rússia [155.º], no final de fevereiro, é emblemática do fenómeno, porque foi preparada por uma guerra de propaganda", sublinhou a ONG na análise da classificação.

Quanto à Rússia, além das perdas humanas, há as "consequências devastadoras" para a imprensa da região, com a morte de cinco jornalistas desde o início da ofensiva russa, mas também o facto de muitos jornalistas terem sido deliberadamente visados pelo exército russo.

O secretário-geral da organização, o francês Christophe Deloire, lembrou que "a chefe de redação do 'Russian Today', Margarita Simonian, mostrou a profundidade da ideologia, numa emissão no canal Russia One, ao afirmar que nenhuma grande nação pode existir sem o controlo da informação.

A agência observou também que a China (175.º) utilizou um arsenal de legislação para confinar e isolar a população, e mais especificamente Hong Kong (148.º), que deslizou significativamente na classificação de 2022.

Os analistas internacionais que participaram no estudo tomaram, desta vez, em consideração cinco novos indicadores, para dar uma visão geral da liberdade de imprensa, tendo em conta o contexto político, jurídico, económico, sociocultural e de segurança.

A situação dos jornalistas é "muito grave" em 28 países, incluindo Rússia e Bielorrússia, cuja classificação foi analisada no início de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia; "difícil" em 42 países, como México, Bolívia, Mali e Emirados Árabes Unidos; "problemática" em 62 países, incluindo Israel, Senegal, Panamá e Grécia.

A pandemia da covid-19 acelerou a censura e em regiões como a América Latina levou a graves dificuldades económicas para a imprensa e piorou o acesso à informação sobre o combate ao novo coronavírus por parte dos governos.

O México (127.º) continua a ser o país mais mortífero do mundo para a imprensa, e na Nicarágua (160.º) e em El Salvador (112.º) a situação está a agravar-se. A única exceção na América Latina é a Costa Rica, que ocupa a oitava posição na lista, entre os melhores.

Nos EUA, "apesar da eleição do Presidente democrata Joe Biden, o aumento das tensões sociais e políticas é acelerado pelas redes sociais e pelos novos meios de comunicação", sendo o mesmo verificado em França, indicou.

Por outro lado, a repressão da imprensa independente é um fator de "polarização intensa", observou o relatório, que citou o exemplo da Polónia e as estratégias para controlar os meios audiovisuais.

Neste contexto, Deloire defendeu a adoção de um quadro legal adaptado a um sistema de proteção dos espaços de informação democrática.